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impacto ambiental
14/02/2005
Prefeitura inicia corte de árvores condenadas
 

A prefeitura deu início ontem à retirada das árvores apontadas pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) como exemplares que correm alto risco de queda. Foram arrancadas dez árvores, a maioria tipuanas, todas localizadas em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Segundo a prefeitura, 30 mudas foram plantadas em áreas próximas às árvores arrancadas para compensar o impacto ambiental gerado pelos cortes.

O estudo prevê a retirada imediata de outras 439 árvores da cidade. Segundo o secretário das Subprefeituras, Walter Feldman, os cortes devem ser realizados nos próximos 40 dias. Para isso, a prefeitura está buscando parcerias com a Eletropaulo e a Associação Brasileira de Papel e Celulose. "Mobilizamos nossas equipes, e a idéia é ir contando em um ritmo cada vez mais acelerado", disse.

Já o secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, prefere não falar em prazos. "Algumas estão sob recurso, ainda estamos discutindo com os moradores o que fazer com cerca de 200 árvores." Segundo ele, todos os cortes realizados ontem foram autorizados pela Saap (Sociedade Amigos do Alto de Pinheiros).
Ainda assim, a ação foi questionada ontem por moradores da rua Almeida Garret, onde uma das tipuanas (que chegam a formar um túnel verde na via) foi cortada pela prefeitura.

"Decidi morar aqui só por causa das árvores, antes mesmo de ver como era a casa. Sou uma caipira urbana, adorava acordar e ver essa árvore na frente da minha janela. Agora eles vão arrancá-la", reclamava a tradutora Suely Pfeferman, 42, enquanto 11 homens puxavam com uma corda o tronco da tipuana. Embora já mutilada por uma motosserra, sem os galhos e com parte das raízes cortadas, a árvore resistia. Até que, num puxão mais forte, caiu com estrondo sobre a calçada. "Ela já tinha mais de 60 anos. É uma pena", disse o engenheiro Nelson Kagan, 44, que assistia à cena.

Representante da associação de moradores da rua, o engenheiro José Roberto Dias, 58, pretende evitar o corte das outras cinco árvores da via apontadas no relatório. "O prejuízo para a comunidade é muito grande. Estamos dispostos a cuidar delas, tratar. Nosso interesse é que todos os recursos sejam usados e só depois seja adotada a solução mais drástica", disse Dias, que também é membro da Saap. A reportagem não conseguiu falar com a diretoria da associação ontem.

O estudo do IPT foi realizado em cinco subprefeituras: Sé, Pinheiros, Vila Mariana, Santo Amaro e Lapa. Essas regiões foram escolhidas com base no histórico de quedas de árvores na cidade. Ao todo, o instituto identificou 915 árvores que correm risco de cair nos próximos dois anos.

A avenida Dr. Arnaldo e a rua Bela Cintra são as vias que concentram o maior número de árvores com alto risco de queda: 22 e 19, respectivamente. A maior parte das árvores ameaçadas é da espécie tipuana -originária da Argentina e muito utilizada nos loteamentos feitos em São Paulo pela Companhia City. O problema é que elas são muito vulneráveis à ação de cupins. Por isso, a prefeitura está substituindo as tipuanas cortadas por ipês, o que, a longo prazo, deve dar uma nova cara a várias ruas de São Paulo.

AMARÍLIS LAGE
da Folha de S. Paulo

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