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O MEDO DA COMIDA AO REDOR DO MUNDO
BRASIL
"Não como em campo de futebol"
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Quinta-feira à noite.
Antes de começar a reunião semanal para a leitura do Evangelho, a dona-de-casa Maria José
Arruda Pinto, 62, adverte os amigos presentes:
"Não comam amendoim, está tudo contaminado".
"Tempos atrás, houve
algum problema com
amendoim, vi uma reportagem na TV ou no
jornal", diz Maria José,
que não compra mais
nada que contenha o ingrediente mesmo sem se
lembrar exatamente do
que se tratava.
A falta de confiança na
qualidade de certos alimentos no Brasil também é fonte de preocupação para quem sabe
do que está falando. A
farmacêutica Paola Raffaella Arabbi, 29, que fez
especialização em vigilância sanitária de alimentos na USP, tem
medo de comer palmito
e peixe ou carne crus.
"Eu sei que corro muito
risco de pegar alguma
doença como botulismo
ou solitária", sem se referir à febre aftosa, que
apavora os ingleses.
O conhecimento de
causa também levou o
dono do restaurante Pitanga, em São Paulo,
Gilberto Geronimo
Oller, 49, a criar alguns
temores em relação à comida. "Não consigo comer um prato de aparência feia", diz.
Além da estética, ele se
preocupa com as condições de higiene na preparação dos alimentos.
"Não como nada em
campo de futebol, nem
em pastelaria de chinês.
Só como pastel de feira."
(ALESSANDRA KORMANN)
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