São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2001


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Jovens modernos

Londres se firma como celeiro de novos nomes para abastecer o mercado internacional das maisons, como Sophia Kokosalaki e Julien McDonald

DA ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Os desfiles de Londres são curiosos. Talvez pela força das faculdades de moda e da cultura jovem por lá, a ênfase tem sido no novo, no inusitado e na individualidade. Em Londres, importa menos o compromisso comercial do que a originalidade. Aos poucos, com a consolidação da cidade como berço criativo e celeiro para as grandes marcas, a coisa começa a mudar: alguns criadores ingleses já sinalizam, em suas passarelas, que podem dar conta de empregos como estilistas de grandes e estabelecidas maisons internacionais.
Foi assim com John Galliano na Dior, Alexander McQueen na Givenchy e Stella McCartney na Chloé. Recentes novidades pós-temporada de desfiles confirmam isso: Stella vendeu 51% do seu nome para o grupo Gucci e, na próxima estação, desfila marca com seu nome -em Paris. Deixou a Chloé, francesa, para sua assistente, Phoebe Philo, que também estudou com ela na escola Central St. Martin. Por sua vez, Julien McDonald foi escolhido para o lugar de McQueen na casa Givenchy, depois de mais um extravagante, ultrafeminino e glamouroso desfile de inverno. Estréia lá no próximo verão, em setembro de 2001.
Assim, o pulo do gato é contemplar o comercial e o excêntrico, e Tristan Webber optou por fazê-lo simultaneamente, nos dois lados de sua passarela, sintetizando a temporada. Mas foi a descendente de gregos Sophia Kokosalaki quem saiu na frente em termos de inspiração.
Com a modernidade típica do East London, ela desfilou misturando militarismo com mitologia, drapeando vestidos de jérsei e trazendo tops corseletados, numa nova e árida sensualidade, em verde, argila, marrom, preto e vermelho -este somente na segunda parte do desfile.
Joe Casely-Hayford ataca de passadismo moderno; Shelley Fox, protegida de McQueen, avança em seu trabalho de volumes, enquanto Matthew Williamson se consolida como o rei da cor com suas alices -que estão mais para lolitas. A Burberry's, desenhada pela última vez por Roberto Menichetti, fez incríveis couros e cashmeres minimalistas, mas deixou de aproveitar a força do xadrez da casa. Rodou.
Nada de "big names": são as pequenas gemas que fazem a temporada inglesa, e é preciso ter vocação para o garimpo fashion. Quem se imbricou numa obscura igreja evangélica pôde conhecer o trabalho do polonês Marjan Pejoski, que vestiu a modelo Marina Dias de pavão e Alek Wek de cisne -no polêmico look que o mundo conheceria somente um mês depois no corpo da cantora Björk, na cerimônia do Oscar.
Na mesma locação ocorreu o desfile mais moderno da estação londrina, o da neozelandesa J.Maskrey, que cria adesivos para o corpo usados como jóias (cristais Swarovski transformados em peças de vestuário), em meio a muita nudez. A Preen é uma nova marca moderna, e a Fake London mistura streetwear e couture. O desconstrutivismo existe (ou retorna) nas mãos da i.e. Uniform, que também faz streetwear, e o culto ao brechó reina com Russell Sage e o romantismo retrô de Elspeth Gibson. Arkadius, também polonês, critica a moda "prostituída" dentro do esquema das grandes corporações. (ERIKA PALOMINO)

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