|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jovens modernos
Londres se firma como celeiro de novos nomes para abastecer o mercado internacional das maisons, como Sophia Kokosalaki e Julien McDonald
DA ENVIADA ESPECIAL A LONDRES
Os desfiles de Londres são curiosos. Talvez pela força das faculdades de moda e da
cultura jovem por lá, a ênfase tem sido no
novo, no inusitado e na individualidade.
Em Londres, importa menos o compromisso comercial do que a originalidade.
Aos poucos, com a consolidação da cidade
como berço criativo e celeiro para as grandes marcas, a coisa começa a mudar: alguns
criadores ingleses já sinalizam, em suas
passarelas, que podem dar conta de empregos como estilistas de grandes e estabelecidas maisons internacionais.
Foi assim com John Galliano na Dior,
Alexander McQueen na Givenchy e Stella
McCartney na Chloé. Recentes novidades
pós-temporada de desfiles confirmam isso:
Stella vendeu 51% do seu nome para o grupo Gucci e, na próxima estação, desfila
marca com seu nome -em Paris. Deixou a
Chloé, francesa, para sua assistente, Phoebe
Philo, que também estudou com ela na escola Central St. Martin. Por sua vez, Julien
McDonald foi escolhido para o lugar de
McQueen na casa Givenchy, depois de
mais um extravagante, ultrafeminino e glamouroso desfile de inverno. Estréia lá no
próximo verão, em setembro de 2001.
Assim, o pulo do gato é contemplar o comercial e o excêntrico, e Tristan Webber
optou por fazê-lo simultaneamente, nos
dois lados de sua passarela, sintetizando a
temporada. Mas foi a descendente de gregos Sophia Kokosalaki quem saiu na frente
em termos de inspiração.
Com a modernidade típica do East London, ela desfilou misturando militarismo
com mitologia, drapeando vestidos de jérsei e trazendo tops corseletados, numa nova e árida sensualidade, em verde, argila,
marrom, preto e vermelho -este somente
na segunda parte do desfile.
Joe Casely-Hayford ataca de passadismo
moderno; Shelley Fox, protegida de
McQueen, avança em seu trabalho de volumes, enquanto Matthew Williamson se
consolida como o rei da cor com suas alices
-que estão mais para lolitas. A Burberry's,
desenhada pela última vez por Roberto
Menichetti, fez incríveis couros e cashmeres minimalistas, mas deixou de aproveitar
a força do xadrez da casa. Rodou.
Nada de "big names": são as pequenas
gemas que fazem a temporada inglesa, e é
preciso ter vocação para o garimpo fashion.
Quem se imbricou numa obscura igreja
evangélica pôde conhecer o trabalho do
polonês Marjan Pejoski, que vestiu a modelo Marina Dias de pavão e Alek Wek de cisne -no polêmico look que o mundo conheceria somente um mês depois no corpo
da cantora Björk, na cerimônia do Oscar.
Na mesma locação ocorreu o desfile mais
moderno da estação londrina, o da neozelandesa J.Maskrey, que cria adesivos para o
corpo usados como jóias (cristais Swarovski transformados em peças de vestuário),
em meio a muita nudez. A Preen é uma nova marca moderna, e a Fake London mistura streetwear e couture. O desconstrutivismo existe (ou retorna) nas mãos da i.e. Uniform, que também faz streetwear, e o culto
ao brechó reina com Russell Sage e o romantismo retrô de Elspeth Gibson. Arkadius, também polonês, critica a moda
"prostituída" dentro do esquema das grandes corporações.
(ERIKA PALOMINO)
Veja galeria de imagens
Texto Anterior: Mcqueen Próximo Texto: Estética: Androginia e silhueta sem curvas da modelo twiggy estão de volta Índice
|