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"Os portugueses acham que não fizeram mal nenhum ao mundo porque são amorosos. E alguns brasileiros dizem que meus avós são responsáveis pelas mazelas do Brasil, mas não percebem que foram os avós deles, portugueses que foram para o Brasil, não os meus, que ficaram", afirmou Hespanha. "E essa atenção, essa importância que o Brasil daria a Portugal é excessiva", completou Lourenço. Para ele, a discussão sobre a interação entre os países existe no círculo de historiadores, mas não encontra respaldo na população, de um modo geral. "Para falar dessas relações, primeiro teríamos de definir sobre quem estamos falando. Até que ponto as populações dos países estão envolvidas nesse debate?", completou e questionou Bethencourt. Como prova dessa falta de interesse entre os países, foi citado por um dos participantes do público da palestra a inexistência na USP (Universidade de São Paulo) de uma cadeira de estudos da história de Portugal. Em outro momento do debate, Lourenço começou a discorrer sobre a falta de inimigos do Brasil, afirmando que o país nunca entrou em guerra contra outra nação. A jornalista e colaboradora da Folha Cynara Menezes, que mediou o encontro, interrompeu e lembrou o ensaísta da guerra do Paraguai. "Sim, foi algo horrível, vergonhoso para a América Latina", disse Lourenço, antes de continuar suas afirmações sobre a falta de guerras envolvendo o Brasil. Aparentemente, "a recusa do olhar", refletida na falta de conhecimento histórico entre os países, vai mesmo muito além. Veja a agenda |