Livraria da Folha

 
11/03/2010 - 14h51

Nova tradução de obras de Freud muda termos centrais como "ego", "superego" e "id"

da Livraria da Folha

Os termos "ego", "superego" e "id" há muito saíram dos redutos da psicanálise para aparecer em filmes, livros e conversas do dia-a-dia. Mas o que poucas pessoas fora dos círculos psicanalíticos sabem é que a tradução ao português dessas instâncias psíquicas centrais da teoria freudiana sempre foi controversa.

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Freud analisa sentimento de culpa gerado pela civilização humana
Freud analisa sentimento de culpa gerado pela civilização humana

As palavras alemãs "Ich", "Es" e "Über-Ich" significam, literalmente, "eu", "isso" e "supereu". Muitos psicanalistas brasileiros consideravam "ego", "superego" e "id" latinizações desnecessárias dos termos, que perdem a naturalidade que elas possuem no idioma alemão.

Com a recente entrada em domínio público da obra e Sigmund Freud em janeiro de 2010, a L&PM Editores decidiu lançar os principais livros do pai da psicanálise com uma nova tradução feita direto do alemão pelo bacharel em filosofia Renato Zwick, que reinterpreta muitos termos cristalizados da teoria freudiana.

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Uma das mais ferrenhas críticas do pai da psicanálise à religião
Uma das mais ferrenhas críticas do pai da psicanálise à religião

Os dois primeiros livros lançados, que chegam este mês às livrarias, são "O Futuro de uma Ilusão" e "O Mal-Estar na Cultura", sendo que Zwick ainda trabalha na tradução de um dos maiores clássicos de Freud, "A Interpretação dos Sonhos", com previsão de lançamento em novembro.

Entre as principais modificações está a interpretação literal de "eu", "isso" e "supereu" e do termo "Trieb", que foi traduzido como "impulso" ao invés de "pulsão", como encontrado em edições anteriores. O nome de um dos livros também foi modificado, uma vez que "O Mal-Estar na Cultura" é mais conhecido no Brasil como "O Mal-Estar na Civilização".

Em "O Futuro de uma Ilusão" Freud defende que a religião ("a neurose obsessiva universal da humanidade") depende de sentimentos infantis não resolvidos e afirma ser ela, bem como seus dogmas, a culpada pela atrofia intelectual da maior parte dos seres humanos.

"O Mal-Estar na Cultura" trata da incapacidade do ser humano de ser feliz e afirma que não só a civilização, mas a própria cultura humana implicam uma diminuição na felicidade dos indivíduos, tendo como subproduto um alienável e generalizado sentimento de culpa.

 
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