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Novo em Folha 42ª turma
08/12/2006

Gordinhos nem sempre são felizes --apelidos podem ser a razão disso

SALVATORE CARROZZO
DA EQUIPE DE TREINAMENTO

A estudante paulistana Ana, que ainda está entrando na adolescência, não se esquece do dia em que foi pegar o ônibus do colégio e viu que ele estava pichado com palavrões. Para espanto da garota, toda a sujeirada era dirigida a ela. Ana era vista como uma "estranha no ninho".

Nascida em São Paulo, ela morou dos 8 aos 11 anos no Rio de Janeiro, onde aconteceu o caso descrito no início do texto. Além de ser de uma outra cidade, considerada por muitos como rival do Rio, Ana tinha um "defeito" a mais: era gorda.

Uma enquete da Folha Online (http://polls.folha.com.br/poll/0632601) perguntou aos internautas: "Qual o pior apelido na sua opinião?". Das 15 opções, duas ligadas ao excesso de peso ("baleia" e "rolha de poço") receberam 45% dos votos de 7.203 pessoas que participaram entre os dias 22 de novembro e 13 de dezembro. "Esses apelidos são mesmo muito comuns", diz a psicóloga e professora da Unicamp Ângela Soligo, dando ênfase ao resultado da enquete.

Perseguições

Ana conta que sempre teve o peso acima da média das demais garotas de sua idade, mas que a perseguição começou mesmo aos oito anos, quando se mudou com a família. "Não sei bem qual foi o motivo", diz a garota. Ela suspeita que os moradores do Rio dão mais importância à forma física. De volta a São Paulo, Ana decidiu que era hora de emagrecer. "Não queria mais que me zoassem", afirma a estudante.

A psicóloga diz que os apelidos ofensivos podem levar uma criança a se sentir angustiada e rejeitada. Foi o que aconteceu com Ana, que era chamada de "baleia", "bolinho" e "nhonha" (alusão a um personagem masculino acima do peso do seriado mexicano "Chaves"). "Aquilo tudo chegou a me afetar muito, passei a me isolar, não queria conversar com as pessoas", diz a garota.

Especialistas chamam a atenção para um fato perigoso: uma criança ridicularizada pelos colegas por conta de seu peso pode desenvolver um quadro de depressão. A doença leva a alterações no apetite regular e o resultado pode ser um aumento na ingestão de comida, tornando a criança ainda mais gorda --e alvo de mais chacotas. Também é possível que ela passe a sentir raiva da magreza que não consegue alcançar e fique desestimulada a começar um esporte ou a aderir a uma dieta balanceada.

Emagrecer a qualquer custo é uma tentação que ronda muitos dos apelidados. Nessas situações, o perigo é fazer dietas sem orientação de especialistas. Quando uma pessoa está na fase de crescimento, não é recomendável cortes bruscos no consumo de proteínas, por exemplo.

Em nova fase, Ana --que tem uma tia nutricionista-- deixou a infância e alguns quilos para trás. Mas aprendeu uma coisa que julga importante: apelidos podem ser muito perigosos. "Eu não coloco apelidos pois sei como é ruim ter um", afirma a jovem. Apelidos, para ela, nem de brincadeira.

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