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FICÇÃO A MÁQUINA DOS SONHOS O dr. Virgilius era um famoso cientista. Seu laboratório ficava à beira de um lago numa das mais importantes universidades americanas. Ratinhos, macacos, computadores e produtos químicos se misturavam na maior confusão. Virgilius anunciava ao mundo sua grande descoberta. -Uma máquina de produzir sonhos. Era um pequeno aparelho que podia ser grudado no travesseiro. -A partir de agora, cada pessoa poderá escolher o sonho que quer ter. Testes com animais já tinham sido feitos. -Nossa macaca mais inteligente sonhou que era professora de dança do ventre. Uma empresa de travesseiros se interessou em comercializar o produto. Foi feita uma grande campanha publicitária. Nos primeiros dias, a Máquina dos Sonhos vendeu bem. Depois, começaram as reclamações. A menina Sally, de dez anos, quis sonhar que era a Barbie. -Virei a Barbie. Quando quis fazer xixi, não tinha buraquinho para sair. O pré-adolescente Roger, de treze anos, teve sérias decepções. -Sonhei que era campeão do time de basquete. Mas quando eu pegava a taça, ela se transformava numa bola de gude. Nunca vi coisa mais absurda. O garoto Lenny quis sonhar com o Peter Pan. Só que ele entrava no oco de uma árvore e não saía mais. -Ridículo. Prefiro o filme. Surgiram filas para devolver a máquina do dr. Virgilius. Nos supermercados, muita gente trocava o aparelho por fitas usadas de VHS. -A qualidade das imagens é melhor e a história bem menos confusa. Com tristeza, Virgilius pegou todo os aparelhos que ainda tinha em estoque e jogou-os no lago que ficava na frente do seu laboratório. -Prejuízo total. À meia-noite, coisas estranhas começaram a acontecer. O lago parecia lançar jorros de água cor-de-rosa. Como o xixi da Barbie. Todas as pedras em volta do lago iam se transformando em bolas de gude. As velhas árvores ali perto voavam como Peter Pan. Virgilius logo entendeu tudo. -O lago... está sonhando. O espetáculo passou a se repetir todas as noites. Virgilius passou a cobrar entrada para quem quiser assistir de perto. E já recuperou os prejuízos. -É melhor do que cinema, eu garanto. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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