São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994
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Salas trazem boas opções para crianças

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Com um tanto mais de esperteza e um tanto menos de imediatismo, o sistema de distribuição e exibição teria notado que algumas poucas providências fariam crescer seu público.
A primeira delas: dublar alguns dos filmes que estão em cartaz, começando por "Família Addams 2". As novas aventuras de Vivinha, Feioso e companhia são bem superiores às do primeiro filme da série e abordam assuntos que interessam tanto à criançada como aos seus pais, da rivalidade entre irmãos à difícil adequação ao mundo exte ior à família.
Dito assim parece muito sério, mas a coisa está bem feita. Tanto os momentos em que Vivinha e Feioso tentam matar o recém-nascido Pubert, quanto as sequências em que são mandadas para um acampamento (onde se pede que todos sejam iguais a todos) não só vão fundo no imaginário infantil como têm força para fazer o público rir.
A principal vantagem de "Família Addams 2" em relação ao filme anterior foi ter feito de Mortícia e Gomez (isto é, Anjelica Huston e Raul Julia) coadjuvantes de luxo e deixado o principal da trama por conta de seus filhos. É no contato das crianças com outras crianças, as "normais", que está a parte mais interessante do filme. A outra trama paralela –envolvendo uma caça-dotes interessada em pôr a mão na fortuna de funéreo é mais fraca e, a rigor, só se aguenta graças aos atores.
Na falta de cópias dubladas do filme, fica como sugestão levar ao cinema os maiorzinhos, que já conseguem seguir as legendas.
Outra providência mais ou menos evidente seria baixar o preço do ingresso nos filmes destinados a crianças, pela simples razão de que elas têm de ir acompanhadas pelos pais, o que pode representar, ao fim de alguns filmes, um significativo rombo de orçamento.
Com preços mais em conta, um maior número de pais se conformaria em bocejar no cinema, enquanto seus rebentos vibram com as aventuras de "Mogli, o Menino Lobo", versão Disney de 1967 (na verdade, um tanto fraco em relação aos desenhos animados produzidos habitualmente pelo estúdio). Ou com a amizade entre um menino e uma baleia em "Free Willy" (os dois filmes estão com cópias dubladas em circulação).
Outro filme que boa parte do público alvo vai ter de ver apenas quando passar na TV é "Olha Quem Está Falando Agora", sequência da vitoriosa série com John Travolta inaugurada em 1989 com "Olha Quem Está Falando": a criançada se entretém de cabo a rabo.
Estes últimos, na verdade, são meio jogados às calendas nesta época do ano. Seu único refúgio é a nova versão de "Os Três Mosqueteiros". (IA)

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