São Paulo, domingo, 2 de janeiro de 1994 |
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Não se esqueça da pipoca
SÉRGIO AUGUSTO
Por falar em mulher gostosa, quem de vocês não salivou ao olhar Anilza Leoni? A mais angelical das "certinhas" de Stanislaw Ponte Preta fazia o tipo violão, por longo tempo posto fora de moda pelos misóginos ditadores da moda feminina. Na chanchada "Vai que é Mole", que a Cultura exuma às 16h45, ela aparece menos do que merecia. Dirigida por J.B. Tanko, morto recentemente –como, aliás, dois de seus protagonistas, Grande Otelo e Carlos Imperial–, é uma produção de 1960, cheia de gozações à política desenvolvimentista de JK e à corrupção graúda. A certa altura, Ankito confessa preferir "mil vezes um ladrão honesto a um comerciante descarado". Confira sua atualidade temática e, de lambujem, o quanto Jô Soares, vulgo Bolinha, mudou nos últimos 33 anos. Várias vezes "Giant" (Globo, 1h) passou na TV, muito já se falou de seu ridículo título brasileiro ("Assim Caminha a Humanidade"), de suas belas sequências (a chegada de Liz Taylor e Rock Hudson ao Texas, a morte de Mercedes McCambridge, a descoberta de petróleo na gleba de James Dean etc) e dos contratempos de sua produção (o discurso de Dean no banquete teve de ser dublado por Nick Adams), mas desconfio que vocês ainda não sabiam que William Holden, Grace Kelly e Alan Ladd quase o estrelaram; que o chapéu usado por McCambridge pertencia a Gary Cooper; e que Glauber Rocha o adorava (o filme, não o chapéu). Fechando a noite (ou a madrugada) na Manchete, a comédia que deu um Oscar a Loretta Young –"Ambiciosa" (The Farmer+s Daughter)–, dirigida pelo sujeito (H.C. Potter) que deu aos surrealistas a mais alucinada comédia de todos os tempos ("Pandemônio"). Quem de Potter só conhece "Amor de Minha Vida" (Second Chorus), musical fuleiríssimo de Fred Astaire lançado em vídeo no Brasil dois ou três anos atrás, vai se surpreender com esta agradável odisséia de uma garota sueca que troca as prendas domésticas por uma cadeira no Congresso, para desespero de Joseph Cotten. A "filha do fazendeiro", personagem extraído de uma peça teatral, agradou tanto que acabou virando série de TV. Pouco vista aqui no auge de sua forma, Young, que no ano passado virou octogenária, tinha olhos abissais e um talento especial para encarnar ex-esposas. Em 1947 ainda jogava um bolão, infelizmente na segunda divisão. Mas, desde o início, tudo foi lucro em sua carreira. Afinal de contas, ela só virou estrela de cinema por causa de um equívoco. O estúdio ligou para sua casa, atrás de sua irmã mais velha, Polly Ann Young, mas como esta não estava, Loretta abocanhou o convite. Já era ambiciosa aos 15 anos. Texto Anterior: Era uma vez a América Próximo Texto: É preciso deixar fluir o que é novo Índice |
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