São Paulo, quinta-feira, 6 de janeiro de 1994
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"Em 'Paratodos' estou mais músico"

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

O Chico Buarque que sobe ao palco do Canecão hoje à noite –vestido impecavelmente de azul dos sapatos ao blazer pelo figurinista Cao– está mais contido do que no último espetáculo "Francisco", realizado há seis anos. Anteontem, no seu penúltimo ensaio, Chico falou sobre "Paratodos".
O show
"É mais um recital do que um show. O que importa são as canções, as letras. Nele, estou mais músico do que nos outros. Toco violão o tempo todo, participei mais dos arranjos. É o show que mais exerço esse lado de músico. É um show de clima tranquilo, mas não é morto. Tem umas músicas animadinhas."
O Repertório
"Escolhi músicas que sinto prazer em tocar. São as 12 do novo álbum e outras 12 antigas, menos conhecidas do público. As novas exigem mais do público do que normalmente, porque eles têm que prestar mais atenção nas letras. As antigas são canções que fui redescobrindo."
Palco
"Toco o tempo todo no show, tenho que me preocupar com os acordes, que são muitos. E olha que não estou errando quase acorde nenhum (risos). Não dá para dançar como no outro show, até que porque tenho que fazer algo diferente. Não sou um artista de palco, por isso não sou assíduo. Seis anos longe não é tanto tempo assim. Já fiquei 13 anos sem fazer show. Sou um compositor que esporadicamente faz shows."
Academia
"O Tom Jobim falou essa história de me levar para a Academia Brasileira de Letras de brincadeira. Ele próprio não é candidato de verdade. O candidato dele é o Antonio Callado. Mas mesmo assim eu respeito uma posição tomada por meu pai (o historiador Sergio Burque de Holanda). Quando a ABL elegeu Getúlio, meu pai, Drummond e outros intelectuais assinaram um documento se recusando a pertencer à academia. Esse documento é hereditário."
Política
"Li nos jornais que Caetano e Gil defendem a candidatura do Jaime Lerner. Eu me reservo o direito de aguardar mais um pouco. Não tenho candidato ainda."
Campanha da Fome
"É claro que tem algo de assistencialista nela. É claro que as questões estruturais têm que ser atacadas. Desde 64, ouço falar em reforma agrária. Precisamos investir em educação. Mas enquanto isso, temos que fazer alguma coisa por quem morre de fome."

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