São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 1994
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Lula é uma vítima?

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – "Eles não querem fazer a CPI da CUT, mas a CPI do Lula. Mesmo assim, se a investigação for séria, vão nos dar um atestado de idoneidade", disse ontem a esta coluna Luiz Inácio Lula da Silva. Será mesmo? O fato é que o eleitor deve tomar cuidado com a histeria do PT –e contra o PT.
Na conversa de ontem, Lula demonstrou um receio: a CPI prorrogar seus trabalhos até às vésperas da eleição. Num ponto, ele está certo: há mesmo motivos eleitorais. E não há dúvidas de que a tentativa de relacionar o assassinato do dirigente sindical, em São Paulo, a um complô da CUT ou PT é exploração política.
Os anos eleitorais trazem como um de suas marcas negativas a manipulação e mentiras. Mas, ao mesmo tempo, avanços na transparência. Otimo que a opinião pública conheça os detalhes do caso Paubrasil, atingindo o fígado de Paulo Maluf. E será que o PT não usa esse caso politicamente ou apenas está interessado na busca da "verdade"?
A CPI da Vasp, embalada pelo PT, não era também para pegar Orestes Quércia? Ou a do PC não serviu, nos seus primórdios, para quem queria apenas surrar Fernando Collor? Aliás, desde o início sabíamos que não era a CPI do PC, mas a CPI do Collor. E tudo isso significou um avanço na cidadania brasileira.
É ótimo que a opinião pública conheça como funciona uma burocracia sindical tão poderosa como a CUT, investigando suas ramificações políticas. O cidadão só tem a ganhar –ainda mais se forem aprofundadas descobertas sobre suas ramificações nas estatais e o que representam nas posições mais retrógradas do PT como a ojeriza à privatização.
A histeria do PT aponta a CPI como um, digamos, instrumento do diabo –justo eles que, quando se trata dos adversários, berram que tudo tem de ser investigado até "às últimas consequências".
PS – Pesquisa Datafolha feita ontem com dirigentes do PMDB reunidos em Brasília abala a difundida suposição de que Orestes Quércia domina o partido. Com uma folgada vantagem (35%), Antônio Britto é o candidato preferido à presidente.

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