São Paulo, sexta-feira, 14 de janeiro de 1994
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Clinton dá mais ajuda econômica para Ieltsin

JAIME SPITZCOVSKY
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE MOSCOU

O presidente dos EUA, Bill Clinton, com medo do ultranacionalismo russo, prometeu ontem em Moscou acelerar a ajuda econômica à Rússia. Na reunião de cúpula com o presidente Boris Ieltsin, Clinton também procurou convencer seus anfitriões de que hoje, com as iniciativas norte-americanas, não há risco de a Rússia ficar isolada militarmente.
Segundo a TV russa, EUA e Rússia também decidiram ratificar a decisão de mudar os alvos de seus mísseis nucleares estratégicos, que desde a Guerra Fria cada uma das superpotências direcionava uma contra a outra.
A segunda reunião de cúpula entre os dois presidentes começou no Kremlin com a manhã dedicada aos temas de segurança. O assunto prossegue hoje, último dia do encontro, com a assinatura de o acordo de desarmamento nuclear da Ucrânia. As arrastadas negociações para finalizar o entendimento continuaram ontem.
O presidente ucraniano, Leonid Kravtchuk, também vai participar da assinatura do acordo. Com a desintegração da URSS, a Ucrânia herdou um poderoso arsenal nuclear, mas hesita em cumprir a promessa de entregá-lo à Rússia.
Parlamentares nacionalistas ucranianos tentam manter as armas como proteção contra um eventual ataque dos vizinhos russos. Kiev também pede ao Ocidente garantias de segurança e usa a questão nuclear como forma de arrancar mais ajuda econômica.
Os novos planos de ajuda econômica à Rússia não foram detalhados. Foram anunciados, por exemplo, a disposição de o Banco Mundial emprestar US$ 500 milhões para ajudar as reformas pró-capitalismo de Ieltsin e mais auxílio dos EUA às privatizações.
Ieltsin prometeu manter as reformas, apesar do bom desempenho da oposição ultranacionalista e comunista nas eleições parlamentares de dezembro. Com ajuda econômica, os EUA esperam ajudá-lo a superar a crise.
"Rússia e EUA devem trabalhar juntos paar construir um novo futuro para a Europa", declarou Clinton. Ele também apresentou seu plano "Parceria para a Paz", que prevê cooperação limitada entre a Otan, a aliança militar liderada pelos EUA, e países da Europa Oriental.
O projeto de Clinton impede que os países do extinto Pacto de Varsóvia tornem-se integrantes plenos da Otan. Com medo de ficar isolada, a Rússia vetou a adesão de seus vizinhos à aliança e demonstrou apoio cauteloso à "Parceria para a Paz". Para Ieltsin, a expansão da Otan ajudaria apenas os nacionalistas russos, que falam de um complô ocidental para enfraquecer Moscou.
Clinton, que fica até amanhã na Rússia, passeou pela capital, conversou com moscovitas através de um intérprete e visitou no hospital o patriarca Aleksei 2.º, líder da Igreja Ortodoxa russa.

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