São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994
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Oligopólios reajustam preços em até 84%

MARISTELA MAFEI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com aumentos que variam de 42% (esponja de aço da Bombril) a até 84%, (colônia Vinólia da Gessy Lever) nas tabelas enviadas aos supermercados, empresas como a Nestlé, Refinações de Milho Brasil, Gessy Lever e Bombril estão na lista das campeãs dos reajustes de preços na virada das tabelas de dezembro para janeiro. A inflação projetada pelo IGP-M para o mês está em 39,5%.
Os reajustes são maiores nos produtos em que as empresas têm maior domínio de mercado – o que reforça a tese de que os oligopólios conseguem repassar preços com mais facilidade. Nesta semana, em entrevista a Folha, o ministro Fernando Henrique Cardoso, disse que iria "bombardear" os oligopólios.
A Nestlé, por exemplo, reajustou em 45% a tabela para os seus caldos de carne, setor em que divide, junto com a Refinações de Milho Brasil, 95% do mercado.
A empresa informou que sua nova tabela incorpora alta de apenas 40%. Mas nas listas de preços às quais a Folha teve acesso, o pacote de caldo de carne com 120 unidades saltou de CR$ 22.411 em dezembro para CR$ 32.496. Ou seja: 45% de aumento. Para os chocolates, a mesma empresa praticou alta de 43,8%.
A Refinações de Milho Brasil incorporou alta de 46,80% para o óleo de milho Mazola (onde detém 55% do mercado) e 45,66% para a maionese Hellman's (48% de participação). Cadorno Augelli, diretor da RMB, informou que a empresa vinha praticando juros defasados nas vendas a prazo, próximos a 36%. Em janeiro, a RMB passou a adotar índice de 39%. Nas vendas à vista os reajustes ficaram próximos dos 43%.
A Bombril, dona de 98% do mercado de esponja de aço, reajustou o preço do produto – junto com a linha de detergentes e sabão em pó – em 42%. Mario de Fiori, diretor financeiro da Bombril, disse que nas vendas à vista o reajuste foi de 39%.
Já a Gessy Lever, com 60% do mercado de sabonete, 25% do de xampus e talcos e 16% de creme dental, praticou os reajustes mais desbaratados. A empresa alega altos custos de matéria-prima, como o sebo, e o óleo de soja, para a remarcação de 41,7% de sua linha de sabonetes.
A alta de 84% para a colônia Vinólia foi necessária, segundo a Gessy Lever, "por razões comerciais". A prática de descontos fez o reajuste cair para 44%, ainda segundo a empresa.
Segundo o diretor de assuntos corporativos da Gessy Lever, Ronald Rodrigues, em 93 os produtos de limpeza tiveram alta menor que a inflação.
A elevação dos preços da linha de detergente líquido Minerva em 44,6% é justificada pelos custos elevados com soda cáustica. Junto com a Bombril/Orniex, a Gessy Lever detém 90% do mercado de detergentes do país.
Em setores mais competitivos, como o de margarinas, onde vem perdendo mercado para empresas que entraram recentemente no setor, a Gessy Lever manteve reajustes na casa dos 37%.

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