São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994
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Novos depoimentos não ajudam nas investigações da comissão

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI do Orçamento teve ontem no plenário uma tarde inútil. Os depoimentos não avançaram as investigações da comissão e acabaram em bate-papo, lágrimas, elogios e consulta jurídica ao advogado e suspeito transformado em vítima, deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
No primeiro depoimento do dia o deputado Osmânio Pereira (PSDB-MG) mostrou que os dados da CPI eram irreais. A comissão descobriu uma movimentação bancária de US$ 303 mil do deputado nos últimos cinco anos. Ele revelou ter uma movimentação de US$ 829 mil, surpreendendo a CPI. Na saída, chorou.
O polêmico Roberto Jefferson, um dos mais ativos integrantes da tropa de choque do ex-presidente Collor, trocou gentilezas até com o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) e com seu adversário, o deputado Paulo Ramos (PDT-SP).
Ramos chegou a dizer que havia o "reconhecimento unânime de que Jefferson foi alvo de uma injustiça" porque fazia uma "inquirição com competência" ao economista José Carlos Alves dos Santos. Jefferson entrou na lista de investigação porque foi acusado por Santos durante o depoimento do economista à CPI.
Jefferson chorou por duas vezes no depoimento mais curto da CPI. Nos primeiros 15 minutos ele se emocionou ao dizer que sua vida, da mulher e de seus filhos foi investigada pela CPI. O choro se repetiu mais uma vez durante uma hora de depoimento.
Pela primeira vez durante a CPI o presidente da comissão, senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), fez perguntas ao depoente. Resolveu fazer uma "consulta profissional" à Jefferson. "Quis confirmar com um homem ágil e com experiência penal que nosso critério de investigação estava correto e a resposta foi positiva", disse.
Elogios também sobraram para o deputado Osmânio Pereira. Ele apresentou uma movimentação bancária bem maior do que a comissão levantou e entregou documentos para confirmar a origem de seu dinheiro. Recebeu elogios do presidente da comissão, senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), por uma revelação pública.

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