São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994
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DeMille busca eterno no circo

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA.
Globo, 16h. EUA, 1952, 153 min.
Coisa inédita nos últimos tempos, há uma meia-dúzia de filmes na TV dignos de serem olhados e, eventualmente, vistos. No dito horário nobre, há um elogiado telefilme de tribunal, "A Justiça Fala Mais Alto", com Walter Matthau como advogado do homem acusado de matar um amigo.
Também em horário nobre, o SBT entra com "O Marginal", com Tarcísio Meira, policial que tem artesanato exemplar e está à altura desse grande mestre da chanchada que é Carlos Manga.
Mais tarde, vale ficar de olho em "A Batalha Final" (Record), exemplo do cinema de esforço de guerra, com a devida xenofobia, levada pelo talentoso Ray Enright. Já em "Barbarella" (Globo), quem merece atenção é Jane Fonda. Levando os quadrinhos à tela, Roger Vadim foi fiel ao princípio de valorizar suas mulheres, embora aqui o filme fique para segundo plano.
Por fim, o início. A matinê da Globo tem um dos filmes mais esclarecedores sobre o pensamento ultraconservador de Cecil B. DeMille. "O Maior Espetáculo da Terra" traz o sentido de espetáculo e sensualidade do diretor-produtor.
Mas aqui trata-se, sobretudo, de postular a atualidade e a permanência de uma forma de espetáculo secular, dando caráter épico à excursão de uma grande companhia americana: DeMille instaura a incerteza (sobrevivência da companhia, sobrevivência dos trapezistas) como maneira de afirmar uma forma certa e definida. O duelo dos trapezistas é o melhor do filme.
Para completar, há ainda "Coronel Redl" e "Os Três Dias do Condor", ambos longe da indignidade. (Inácio Araujo)

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