São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994 |
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Tônia Carrero diverte com "Bárbara"
NELSON DE SÁ
"Ela É Bárbara" é uma comédia –uma farsa, na realidade– sem maiores invenções. Mostra a confusão enfrentada por uma estrela de cinema, a Bárbara do título, quando chega a Hollywood sua irmã gêmea do Alabama, Mildred. Não tem a hilariedade dos "Menecmos", de Plauto, ou ainda da "Comédia dos Erros", de William Shakespeare, de tramas muito semelhantes, mas é um bom divertimento. Divertimento é tudo, aliás, o que promete o diretor Cecil Thiré, filho da atriz, no programa da peça. Para ele, o espetáculo "marca principalmente o reencontro de Tônia Carrero com a comédia elegante". Um gênero próprio dos anos de ouro, imagina-se. Um gênero moldado para as primeiras atrizes de então, capazes de humor e, na palavra do diretor, elegância. Não é a primeira montagem de uma comédia assim, nos últimos tempos, em São Paulo. Em meados do ano passado, Fernanda Montenegro e depois Glória Menezes estrearam na cidade, respectivamente, com "Gilda", de Noel Coward, e "Pigmaleôa", de Millôr Fernandes. "Ela é Bárbara", agora, segue na mesma linha. Com a vantagem de uma protagonista que é perfeita para o gênero, como Tônia Carrero. Que não chega ao virtuosismo cênico da primeira, que também não tem a marca da grande estrela de televisão como a segunda, mas que envolve o público com um humor e uma graça que permitem prever uma temporada mais prolongada para sua peça. As comédias "elegantes" podem não estar todas, no momento, no gosto do público paulistano, mas a interpretação de Tônia Carrero parece estar, desde já. Com as pernas de fora, com cacos sobre sua própria vida e o fato de ter-se tornado bisavó, ensaiando um rebolado, esforçando-se até para cantar, sobretudo correndo para viabilizar os dois papéis, a atriz ganha longos e merecidos aplausos. "Ela é Bárbara" é uma comédia que tem uma imensa vontade de agradar, de divertir. O que consegue, com um profissionalismo que começa na primeira atriz. Tudo é, obviamente, convencional. Antigo até. O cenário parece ser realmente "de época", que, no caso, é 1935. A ação toda se passa no quarto da atriz hollywoodiana Bárbara, com direito a penteadeira, armário para esconder amantes e saída para o closet. Também o figurino, ou melhor, os oito ou nove figurinos ou modelos de grande luxo vestidos por Tônia Carrero parecem de um outro tempo. Também convencional e algo antiquada é a interpretação caricata dos personagens de apoio, como o "pastor de almas" de Luiz Carlos de Moraes, que se deixa tentar por Bárbara, e a colunista "marrom" de Ileana Kwasinski, que está engraçada como em poucas de suas peças recentes. Nenhum problema. Antiquada e convencional que seja, "Bárbara" cumpre o prometido. Diverte. Título: Ela é Bárbara Texto: Barrilet et Grédy Direção: Cecil Thiré Elenco: Tônia Carrero, Luiz Guilherme, Ileana Kwasinski, Luiz Carlos de Moraes e outros Quando: Quarta a sábado, às 21h; domingo, às 20h Onde: Centro Cultural São Paulo, sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, tel. 277-3611) Quanto: CR$ 1.100 (quartas, quintas e domingos) e CR$ 1.650 (sextas e sábados) Sinopse: A chegada da puritana Mildred, irmã gêmea de Bárbara, uma estrela de Hollywood, arma uma confusão na vida desregrada da atriz Texto Anterior: Peça traz tragédia do filósofo Althusser Próximo Texto: Crusties radicalizam sociedade européia Índice |
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