São Paulo, sábado, 15 de janeiro de 1994 |
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Crusties radicalizam sociedade européia
CAMILO ROCHA
A imagem-clichê do crusty é a do cara entre os 17 e 30 anos, portador de vários brincos pelo rosto, dono de dreadlocks empedrados, usuário de roupas de exército surradas e coturnos, desempregado, inimigo do banho, tomador de vários tipos de drogas e sempre com um fiel cachorro. Até o termo surgiu como pejorativo: "crusty" quer dizer cascudo. Embora a maioria dos crusties não goste de ser classificado como tal, todos tem orgulho de sua crosta de sujeira e do estilo de vida que representam. O crusty é a face anos 90 de uma filosofia que celebra a vida alternativa auto-suficiente, descendente direto dos movimentos hippie e punk. Mas sua atitude não é contestar nem destruir o sistema, e sim assistir e tirar sarro de sua desintegração. E dar uma festa em cima dos essombros. A "grande nação crusty" é também formada por punks e hippies, roqueiros, new age travellers (ciganos modernos que vagam pelo Reino Unido), junkies, místicos, militantes ecológicos e mais uma série de malucos inclassificáveis. A maioria vive de bicos e recebe a mixa ajuda de renda do Governo. Ninguém calculou a população dessa "crustolândia", mas existem estimativas de até 200 mil na Inglaterra. O fenômeno crusty começou no fim da década passada. Os festivais de rock no interior da Inglaterra, depois de tempos caídos, viraram as novas vitrines do indie e alternativo. A molecada das cidades começou a frequentar festivais de novo. Nisso trombou com a fauna desregrada e caótica que sempre perambulou por esses eventos e gostou da atitude de jogar tudo para o alto. A maioria estava sem muitas perspectivas. Muitos nunca voltaram para casa, indo se juntar a alguma caravana. Texto Anterior: Tônia Carrero diverte com "Bárbara" Próximo Texto: Ingleses reprimem movimento Índice |
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