São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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'Adorava namorar e frequentar cassinos'

DOMINGOS DA GUIA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Minha passagem por este mundo tem sido como o nome que meu pai e minha mãe me deram: uma sucessão de domingos, dia de futebol e de festa. No meu tempo, só se treinava uma ou duas vezes por semana. E só se jogava aos domingos. Era uma festa.
Vocês me desculpem se minha memória já não é tão boa. Tenho 81 anos. Mas posso dizer que fui muito feliz em tudo, principalmente no futebol. Ganhei, na década de 30, o máximo que um jogador podia ganhar. Gastei muito, também. Eu, por exemplo, adorava namorar e ir aos cassinos.
Se a memória não está boa, não esqueço um fato que muito me orgulha: fui tricampeão jogando em três países diferentes. No Nacional de Montevidéu em 1933, no Vasco em 34 e no Boca Juniors de Buenos Aires em 35. Também fui campeão pelo Flamengo. Joguei ainda no Corinthians e encerrei minha carreira em 1948, no mesmo Bangu onde tinha começado. Enfim, uma festa.
Repito que tenho sido muito feliz. Tinha 33 anos quando me casei com Erotides, que me deu filhos maravilhosos, um deles o Ademir da Guia, que todos vocês conhecem da grande Academia do Palmeiras dos anos 60 e 70. Minha mulher já morreu. Aliás, são essa perdas que não deixam a gente ser feliz por inteiro. Paciência.
Tive dois grandes amigos na vida, além de meus filhos. Um deles foi Guilherme da Silveira, patrono do Bangu. O outro, o professor Flávio Costa. Dizem que fui um grande jogador. Não tenho motivos para discordar.

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