São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Mês de janeiro já acabou

MÁRIO ROCHA

Janeiro ainda está na metade. Mas alguns fatores já deixam marcas no mercado financeiro. O mais forte deles é a inflação, que tende a ultrapassar os 40%. O segundo é a festa da rentabilidade espetacular das cadernetas de poupança, a aplicação mais popular e menos taxada do país. O terceiro é a disparada das Bolsas de Valores. No quarto fator residem as expectativas para fevereiro, mês-chave para a definição da candidatura do ministro Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República.
Inflação: janeiro começou com a continuidade de uma queda-de-braço entre governo e mercado financeiro iniciada em dezembro. Da última quinzena de dezembro até a primeira semana de janeiro, o governo deixou de realizar três leilões de BBCs porque discordava das expectativas de inflação do mercado financeiro. O leilão voltou a ser realizado na última semana, mas a inflação ainda é uma incerteza. No mercado, não se fala em taxas abaixo de 40%.
Poupança: o bom rendimento das cadernetas teve a feliz união de dois fatores. Um deles foram justamente os juros altos, provocados pela expectastiva de inflação. O outro foi o número de dias úteis contido na TR (Taxa Referencial), que serve de base para a poupança. A festa da poupança, no entanto, vai acabar em fevereiro. O melhor dia para depositar em janeiro foi o dia 11. Contas abertas nesta data terão 23 dias úteis. Já as contas abertas em 11 de fevereiro terão apenas 18 dias úteis. Mesmo assim, enquanto não houver mudanças substanciais na condução da economia, o governo deve manter sua política de juros altos.
Bolsas de Valores: depois de encerrarem o ano de 93 como o melhor investimento do mercado, as ações iniciaram 94 mostrando muito fôlego. A entrada de recursos estrangeiros e a perspectiva de aprovação das medidas propostas pelo governo para estabilizar a economia sustentaram a alta das Bolsas. Os analistas apostam que este cenário continua pelo menos até julho, quando começa a ser delineado o quadro eleitoral.
Fevereiro: ganha força no mercado financeiro a análise política do plano econômico do ministro FHC. As eleições presidenciais apresentam, até agora, apenas Lula como candidato, o que reforça o nome de Fernando Henrique como concorrente. Para isto, o ministro da Fazenda tentaria jogar suas fichas o quanto antes para tentar estabilizar a economia. Se conseguir, tem meio caminho andado para a vitória. Se não conseguir, tem o Congresso para colocar a culpa.(Mario Rocha)

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