São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 1994
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Eleições nos territórios podem atrasar

SÉRGIO MALBERGIER
DA REDAÇÃO

O primeiro prazo estipulado no acordo OLP-Israel, que determinava o início da retirada militar israelense de Gaza e Jericó, já está mais de um mês atrasado. O adiamento ameaça retardar todos os outros prazos do histórico acordo assinado em 13 de setembro ver quadro acimacomo já sugerem alguns israelenses e teme Saeb Erekat, 39, nomeado chefe da Comissão Eleitoral palestina pelo líder da OLP, Iasser Arafat.
"Tudo depende dos resultados das negociações em andamento", disse Erekat à Folha, por telefone, de sua casa em Jericó, referindo-se às negociações entre Israel e OLP no Egito. Nem mesmo o número de membros que serão eleitos para o futuro órgão executivo de Gaza e Jericó, o Conselho Palestino, está definido. Mas Erekat promete que, internamente, os palestinos estarão prontos para eleições "livres e justas" em julho, conforme previsto no acordo. Para isso, revela, já foram oficialmente convidados observadores dos EUA, do Japão, dos países escandinavos e da União Européia.
O acordo de paz assinado com pompa em setembro de 1993 na Casa Branca foi impreciso o suficiente para garantir o histórico reconhecimento mútuo de que israelenses e palestinos têm direito à autodeterminação. A imprecisão, porém, emperrou o processo de paz, abrindo espaço para barganhas com motivações políticas.
O premiê israelense, Yitzhak Rabin, tenta mostrar ao centro e à direita de seu país que não permitirá a criação de um Estado palestino e prometeu fazer os palestinos "suarem" para obter o acordo definitivo.
Arafat quer o controle das fronteiras entre Jericó e Jordânia e Gaza e Egito e quer que a área autônoma de Jericó tenha 200 km 2. Israel propõe 55 km2. Segundo editorial do "The New York Times", Arafat, "em vez de iludir seu povo com concessões que Israel não fará, poderia democratizar a OLP".
O líder palestino vem recebendo críticas sem precedentes de dentro da OLP e de palestinos "notáveis" pelo modo como está liderando a organização e o processo de paz. Nada é decidido sem a sua aprovação.
Mas Erekat põe a culpa do atraso da paz em Israel e no "hesitante" Rabin. A sua cidade é o maior termômetro da frustração que começa a se espalhar entre os palestinos. Depois de festejar o acordo por dois dias, em setembro, Jericó está de ressaca, diz Erekat. "As pessoas ainda não viram resultados concretos. O nível de frustração é realmente muito alto." (SM)

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