São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 1994
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Cana e laranja roubam espaço do boi em SP

BETY COSTA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cana e laranja tomaram espaço do boi, café e algodão nos últimos 20 anos em São Paulo. Juntas as duas culturas ganharam 2,1 milhões de hectares entre 1972 e 1993, praticamente a mesma área que o café, o algodão e as pastagens perderam no período.
Estes números fazem parte de dois trabalhos recentes do Instituto de Economia Agrícola (IEA), que analisam as novas tendências da agricultura paulista.
A cana incorporou 1.065.057 hectares em 20 anos, saltando de 729.933 ha (72) para 2.333.990 ha em 93. Um ganho de área de 220,19%. Neste período a laranja cresceu 236,28%, de 222.000 ha para 746.538 ha. Nos últimos quatro anos, porém, perdeu 43.200 ha, cedendo espaço também para a cana.
As duas culturas, que em 70 representavam 14% do valor bruto da produção agropecuária do Estado, hoje respondem por 42%.
O maior aumento percentual de área foi para a soja, com 434,63%, passando de 93.551 ha, em 72, para 500.150 ha em 93.
As pastagens, que haviam perdido 1.841.443 ha (15,7%) entre 72 e 89, conseguiram recuperar 6,10% (613.508 ha) entre 89 e 93. "Boi normalmente rende menos por hectare do que o grão, mas quando a conjuntura é desfavorável para a lavoura, boi no pasto é lucro. O custo é baixo e animal não é perecível", explica Marcos Jank, assessor para Assuntos Internacionais da Secretaria de Agricultura.
O levantamento do IEA mostra também que o café, que já foi a grande vedete da agricultura paulista, perdeu terreno, enquanto lavouras como mamona e amendoim estão desaparecendo do mapa agrícola do Estado.
A forte queda dos preços internacionais reduziu em quase 60% a área do café (de 789.966 ha para 323.200 ha) entre 72 e 93. A mamona, que ocupava 58.288 ha em 72, está limitada hoje a 1.940 ha. O amendoim perdeu, no mesmo período, 288.573 ha, caindo de 485.693 ha para 197.120 ha.
Com preços baixos e sofrendo a concorrência das importações, o algodão também perdeu espaço. De 645.587 ha em 72, sua área foi reduzida para 142.820 ha em 93, com queda de 77,8%. O trigo, que chegou a crescer 71,54% entre 1972 e 1989, atingindo 198.159 ha, "encolheu" 155.704 ha nos últimos quatro anos. (Betty Costa)

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