São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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Nota 6

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

José Paulo Bisol, um dos protagonistas da CPI, finalmente abriu a boca. Ao vivo, no Opinião Nacional, foi o mais diplomático possível com o relator Roberto Magalhães, mas não escondeu suas diferenças com a condução e o resultado da CPI. Entre outras coisas, disse que qualquer mudança no relatório final, após a votação, "é falsidade ideológica".
Era uma referência à tentativa de Magalhães de livrar a cara de três novos parlamentares, que receberam a punição "intermediária" no relatório. Mas o senador falou muito mais. Reclamou do "tempo absurdo" em que foi realizada a investigação, confirmando a visão geral de que alguém queria fechar e logo a CPI. Também atacou os acordos, de última hora, com "dois partidos".
Não foi específico. Declarou apenas que acordos assim já fazem parte de uma "cultura de negociação" presente no Congresso, que deve ser combatida. "A negociação tem que cessar no nível dos princípios." No caso da CPI, é o que se entende, a negociação atropelou princípios. Não que ele esteja frustrado com a comissão. Pelo menos, não é o que o senador afirma abertamente.
"Eu não tenho nenhuma frustração", disse, mas não sem registrar: "É claro que eu gostaria de ver no relatório final o trabalho realizado por nós com o material apreendido na casa (do funcionário da Odebrecht)." Um trabalho, de qualquer maneira, que "está anexado ao relatório" e vai ser usado na CPI das Empreiteiras, que está recebendo tudo pronto, "em matéria de provas".
Para Bisol, o esquema Odebrecht é o "mais relevante". Ele chegou a corrigir uma declaração anterior sua: "Não é um poder paralelo. É superior. O estado brasileiro é um instrumento nas mãos dele." Como exemplo, citou o relatório da CPI do FGTS, que "contém um texto elaborado dentro da Odebrecht". É por essas que, para o senador, a CPI do Orçamento só merece "nota 6".
CPI do Miranda
As esperanças de José Paulo Bisol, com a CPI das Empreiteiras, estão ameaçadas. No TJ Brasil, o senador Gilberto Miranda, irmão do famoso Egberto Batista, garantia ter o apoio do PMDB nteiro para dirigir a nova CPI. E ainda empostava orgulho: "Eu só aceito a relatoria ou a presidência se esta CPI tiver o tempo necessário." Até ele, agora, quer faturar em cima da correria da outra CPI.

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