São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Indústria produz 11,7% a mais

DA REPORTAGEM LOCAL

Indústria produz 11,7% a mais
Depois de três anos consecutivos de queda, a produção da indústria paulista voltou a crescer em 93. O INA (indicador do nível de atividades) divulgado ontem pela Fiesp ( Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) apresentou expansão de 11,7% no acumulado do ano passado.
"Esperávamos crescimento menor, entre 9% e 10%, pois as encomendas de Natal não chegavam: só foram feitas em novembro e dezembro", afirmou o diretor do Departamento de Economia da Fiesp, Mario Bernardini.
Apesar do aumento de 11,7%, a produção industrial média de 93 continua 6,7% abaixo da verificada em 89: as quedas de 11,3% em 90, 1,2% em 91 e 4,7% em 92 ainda não foram compensadas. O resultado positivo vem confirmar as estimativas do Ipea, de que a indústria seria, no ano passado, a principal responsável pelo crescimento de 4,4% do PIB.
Com as encomendas de Natal atrasadas, a indústria produziu mais no último mês do ano: 13,1% frente a dezembro de 92 e 1,2% frente a novembro de 93.
As vendas reais da indústria, no entanto, caíram em dezembro frente a novembro, 6,6%. "É um paradoxo que só pode ser explicado justamente pelo atraso nas encomendas: muitos pedidos feitos em dezembro só foram entregues este ano", afirmou Bernardini. Por isso, segundo ele, as vendas devem crescer em janeiro. Na comparação entre dezembro de 93 e o mesmo mês do ano anterior, as vendas reais cresceram 4,5% e no acumulado do ano passado, 9%.
Apesar do aumento da produção, o número de pessoas ocupadas na indústria paulista em dezembro encontrava-se 1,3% abaixo do observado em dezembro de 92. "São cerca de 20 mil empregos a menos", calculou Bernardini. No acumulado do ano, a queda no emprego chega a 3,8%.
"Pressionada pela concorrência internacional, a indústria teve que enxugar, mudar sistemas de gerenciamento, racionalizar e foi assim que ela cresceu", disse Bernardini. Segundo ele, houve um aumento de 12% na produtividade. "Metade disso pode ser atribuído à terceirização." Nos últimos dois ou três anos, segundo calculou, a indústria conseguiu aumentos de 6% a 7% ao ano na produtividade.
Também as horas trabalhadas na produção cresceram pouco - 0,6% - em 93, apesar do aumento na atividade industrial. Em dezembro, houve aumento de 8,5% frente a dezembro de 92 e de 1,4% frente a novembro.
O salário real médio mostrou um declínio de 2,9% em dezembro frente a novembro. "É uma tendência sazonal, diante da grande concentração de categorias com data-base em novembro", explicou Bernardini. No acumulado do ano, a Fiesp registrou um aumento de 10,7% no salário real médio.
Setores
Os setores que mais apresentaram aumento real de vendas de janeiro a novembro de 93 foram o de material elétrico e de comunicações (mais 24,5%) e material de transporte (mais 21,8%). "A indústria eletroeletrônica e os setores de telecomunicações ligados à telefonia celular conseguiram vendas boas no final do ano", disse Bernardini. A maior queda de vendas foi do setor químico (menos 6,2%).
Para janeiro de 94, as perspectivas são de continuidade do crescimento do INA. A Fiesp calcula que, em 94, a produção continuará a crescer, mas "tudo vai depender dos resultados do Plano FHC".

Texto Anterior: Nível de emprego cai 0,11%
Próximo Texto: Olho na renda fixa; Investimento em ação; Razão pessoal; Mercado especula; Visão de futuro; Na internacionalização; Imposto adiado; Prejuízo operacional; Em reestruturação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.