São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 1994
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'New York Times' critica "Brazil"

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

'New York Times' critica 'Brazil'
Foi mal recebido pela crítica do "The New York Times" o livro "Brazil", de John Updike, a história de Tristão e Isabel, dois adolescentes –ele negro, ela branca– que se apaixonam à beira-mar, no Rio. "Infeliz" e "repelente" foram alguns dos adjetivos usados pela crítica, Michiko Kakutani, para definir o novo romance de um dos principais escritores norte-americanos.
O livro acaba de ser lançado nos EUA pela editora Alfred A. Knopf (260 páginas, US$ 23) e deve sair em 7 de fevereiro no Brasil pela Companhia das Letras. Imaginada como uma reconstrução de "Tristão e Isolda", o livro "começa como um conto de fadas e termina como uma novela moderna cheia de clichês raciais e sexuais", escreve Kakutani.
Tristão e Isabel se conhecem, nos anos 60, no principal espaço social carioca, a praia. A paixão à primeira vista é condenada pelas famílias de ambos os lados. Nem os ricos parentes de Isabel nem a mãe de Tristão, uma prostituta, aceitam o relacionamento. Os dois fogem e tentam começar uma nova vida, mas, perseguidos por capangas contratados pela família de Isabel, acabam se separando.
Mas a história não se encerra aí. Tristão reaparece e, desta vez, os dois resolvem buscar refúgio no interior do Brasil. Chegam à Amazônia, onde enfrentam bandidos e índios. Até que, em um determinado ponto, os dois magicamente trocam de cor: Tristão vira branco e Isabel, negra.
Segundo Kakutani, a narrativa, apesar de alguns momentos de brilho típicos da prosa de Updike, parece forçada. Para ela, o escritor não conseguiu digerir as informações sobre o país contidas em livros de Euclides da Cunha, Gilberto Freyre e Claude Lévi-Strauss, usados como material de pesquisa. (Fernanda Godoy)

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