São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Ciro diz que greve de petroleios é 'eleitoral'

Ministro volta a dizer que preço do combustível cai

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O ministro da Fazenda, Ciro Gomes, disse que a manutenção da greve dos petroleiros é um ato "antidemocrático, autoritário, fascista e eleitoral".
Ele fez essa declaração em Madri (Espanha), onde participa da 49ª assembléia anual conjunta do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.
Ciro Gomes reafirmou que a greve não impedirá que o governo determine a redução dos preços dos combustíveis esta semana. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, afirmou.
Ciro disse que os trabalhadores devem recorrer à greve como um ato democrático sempre que a concentração de capital lhe impuser quaisquer constrangimentos.
Entretanto, o confronto a um julgado do Tribunal Superior é ato "fascista", afirmou.
Para ele, a greve é um abuso porque os petroleiros têm salários médios, mecanismos especiais de reposição de salários, benefícios sociais e fundos de pensão únicos em relação a todas as outras categorias no país.
Ciro disse que agora fica claro que há uma intenção eleitoral por trás da greve dos petroleiros.
Isso fica claro porque os petroleiros, uma categoria que tem tantos benefícios escolhe exatamente o momento de um plano de estabilização econômica que o povo deseja desesperadamente para pedir um reajuste de 108% para uma perda real de de 11,87% , disse.
Ciro Gomes disse acreditar que os petroleiros vão voltar ao trabalho aos poucos –"é preciso paciência", afirmou–- porque "a base (da categoria) não tem nada a ver com essa greve claramente eleitoral".
Ciro disse que o governo vai cumprir a lei, podendo demitir os grevistas, e afirmou que não haverá desabastecimento.
Sem querer entrar em detalhes, o ministro da Fazenda deu a entender, porém, que se a greve continuar medidas contra o desabastecimento de petróleo e seus derivados seriam anuciadas em três dias.
Com relação à sua estréia em reuniões internacionais como ministro, Ciro Gomes disse estar se sentindo muito confortável na atual assembléia do FMI e Banco Mundial, que reúbe representantes de 177 países em Madri.
"Meu nacionalismo está muito afagado porque tenho ouvido muitas referências positivas sobre o Brasil", disse.
Ciro revelou que m seu encontro com Larry Summers, o sub-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, pediu desculpas por ter manifestado opiniões pessimistas em relação ao Brasil na reunião do FMI do ano passado.

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