São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Área útil de apartamentos novos 'encolhe'

TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

A área dos apartamentos lançados em São Paulo fica um pouco menor a cada ano. Estudo do Datafolha mostra que as unidades de alto padrão –com quatro e cinco quartos– sofrerem as maiores reduções nos últimos dois anos.
Apartamentos de cinco dormitórios, por exemplo, estão 31,1% menores. A comparação é feita entre a área útil média desse tipo de imóvel em julho de 92 (501 m2), com a de julho deste ano (345 m2).
As unidades de quatro quartos também estão `encolhendo'. A área útil diminuiu 11,5% nos dois últimos anos. A média ficou em 166,1 m2 no último mês de julho (veja quadro ao lado).
E a julgar pelo tamanho dos apartamentos que as empresas planejam lançar até o final do ano, as novas unidades desse tipo de imóvel serão ainda menores.
A construtora Mencasa, por exemplo, tem programado o lançamento de um edifício com unidades de quatro quartos no Morumbi (zona oeste), onde a área útil dos apartamentos será de 121,88 m2.
Na mesma região, a empresa deve lançar até dezembro um outro empreendimento desse padrão, com unidades de 129 m2 e preço em torno de R$ 170 mil.
No Morumbi, a Company também vai colocar à venda um quatro quartos ainda este ano. As unidades terão 130,2 m2 e custo de aproximadamente R$ 162 mil.
Depois dos chamados três quartos "compactos", onde o exemplo típico são as unidades em torno de 65 m2 lançadas pelo "Plano 100" (Rossi Residencial), parece que os apartamentos de quatro dormitórios trilham o mesmo caminho.
Dolzonan da Cunha Mattos, 45, diretor-superintendente da Encol, diz que hoje a construtora investe mais nos empreendimentos de três ou quatro quartos "compactos".
"Esses projetos são mais equilibrados. Conseguiram eliminar áreas supérfluas ou que antes eram desperdiçadas. E o preço também se adequou ao poder aquisitivo do comprador", afirma.
Segundo ele, atualmente 75% do volume de negócios da Encol é representado por unidades que têm entre 60 e 130 m2 de área privativa. "O preço desses imóveis varia de US$ 50 mil a US$ 130 mil."
Entre os nove empreendimentos que a Encol deve lançar em São Paulo até o final do ano, a empresa prevê duas torres com apartamentos de quatro quartos em Santana (zona norte). As unidades terão 124 m2 e vão custar US$ 130 mil.
Dolzonan diz que o mercado hoje está receptivo não apenas para comprar três e quatro quartos, mas para adquirir todos os tipos de unidades. A opinião é compartilhada por outras empresas.
Se isso está acontecendo, resta uma pergunta: Por que não se investe mais em lançamentos de um quarto, por exemplo?
A resposta das construtoras para essa questão geralmente inclui explicações de como, do ponto de vista financeiro, esses empreendimentos hoje não são atraentes.
Um dos empecilhos, por exemplo, seria o custo adicional com a construção de mais subsolos para garagem. Esse tipo de prédio têm mais apartamentos que os outros. E o Código de Obras estabelece que para cada unidade é preciso haver uma vaga de garagem.
As empresas geralmente conseguem uma relação custo-benefício melhor quando lançam unidades de dois ou mais quartos.
Isso porque um dos itens que tem peso considerável no custo da obra são as instalações das chamadas partes molhadas (cozinha, banheiro e área de serviço).
Esse custo pode ser semelhante no caso de unidades de um ou três quartos, por exemplo. Mas no caso dos apartamentos com mais dormitórios, o preço de venda é bem mais alto.

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