São Paulo, domingo, 2 de outubro de 1994
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Integração da Europa oriental pode demorar

JONATHAN LYNN
DA "REUTER"

No início, havia euforia. Depois, pouco a pouco, veio a compreensão de que levaria anos, talvez gerações, para a Europa oriental equiparar-se à ocidental.
Apesar disso, já está claro que depois de apenas cinco anos os países da Europa oriental (excluindo a ex-União Soviética) já avançaram bastante no caminho para se tornarem economias de mercado.
"Hoje, cinco anos depois, os países da Europa central e oriental apresentam diferenças marcantes entre si em termos do grau em que conseguiram institucionalizar sociedades livres e economias de mercado, disse o primeiro-ministro tcheco", Vaclav Klaus.
Três grandes grupos podem ser discernidos, a grosso modo:
Polônia, Hungria, a República Tcheca, a Eslováquia e a Eslovênia, ex-República Iugoslava –os países da Europa oriental central– se recuperam da dolorosa arrancada em direção ao mercado livre, embora os benefícios da recuperação ainda não tenham atingido largas faixas da população.
Em segundo lugar estão a Bulgária e a Romênia, onde ex-comunistas conservaram alguma influência no governo. Nesses países a recuperação tem sido mais lenta, e a inflação mais persistente.
O terceiro grupo é a ex-Iugoslávia, que parecia estar a caminho de uma transição bem-sucedida.
A guerra na Croácia e Bósnia prejudicou profundamente as perspectivas de sucesso a curto prazo em todas as repúblicas menos a Eslovênia, que pôde se desvencilhar sem grandes prejuízos.
Fora destes grupos está o caso anômalo da Albânia, o país mais pobre da Europa, mas que no ano passado teve crescimento de 11%, de longe o maior da Europa.
Todos os países europeus orientais enfrentaram problemas semelhantes –inflação contida, moedas sobrevalorizadas, estatais ineficientes e um setor financeiro inexistente, para citar apenas alguns.
Todos os países também introduziram ou pretendem introduzir privatizações em massa. A criação de bolsas de valores também foi facilitada pelas privatizações.
Uma destas bolsas –a de Varsóvia– apresentou o melhor desempenho mundial em 1993.
Apesar das diferenças entre esses três grupos, os países da Europa oriental apresentam muitas características comuns. A mais marcante –exceto na ex-Iugoslávia– é a estabilidade política.
O processo de mudança tem sido não só pacífico, e na maioria dos casos ordeiro, mas em vários países –Polônia, Hungria e Eslováquia–, a transição levou ao poder comunistas reformistas, todos comprometidos com as reformas.
Os países também têm em comum o desejo de ingressarem na União Européia. "Juntar-se à Europa" resume a idéia toda da volta à economia de mercado e à democracia.
Além disso, os países menores acham que a entrada na UE os protegeria de qualquer possível império russo ou soviético ressurgente.
Outro fator é que todos os países do leste europeu foram prejudicados pelo colapso do bloco comercial Comecon, em 1990-91, que prejudicou seu comércio exterior e cortou acesso às matérias-primas a preços baixos. Em consequência disso, foram obrigados a reorientar seu comércio exterior em direção à Europa Ocidental.
Tradução de Clara Allain

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