São Paulo, segunda-feira, 3 de outubro de 1994
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Novo Pelourinho expulsa moradores

Órgão diz que eles foram indenizados

MARIO CESAR CARVALHO
DO ENVIADO ESPECIAL

A restauração do centro histórico de Salvador concilia festa e tragédia, na visão de moradores e ex-moradores.
Festa porque ``o Pelourinho tá um amor: não tem briga, não tem ladrão e tem três polícias em cada esquina", como diz Joselita dos Santos, 70, que chegou ao bairro em 1937 e saiu de lá em 1993.
Tragédia foi a ``expulsão dos moradores para a abertura de lojas", segundo Elvira de Souza, 64, presidente da Associação de Mães do Pelourinho.
``Eles esqueceram cruelmente as pessoas. Eu só consegui ficar aqui porque conheço uns políticos", diz.
Maria Domingas de Oliveira, 37, não conhece e teve que trocar o casarão do século 18 em que morava por uma casa de 20 m2 num morro de Salvador, pela qual paga R$ 45,00 de aluguel. Prefiria o Pelourinho.
Com a indenização que recebeu do governo baiano para sair do Pelourinho, diz que não conseguiu comprar um barraco.
``Deviam expulsar os ladrões e as putas do Pelourinho, mas deviam deixar lá o povo trabalhador", reclama Maria, lavadora de carros que ganha cerca de R$ 80,00 por mês.
O Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural da Bahia diz que não houve expulsão. Proprietários e inquilinos receberam entre US$ 150 e US$ 2.000 para deixar as casas, segundo o órgão.

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