São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Pimentel quer demitir petroleiros em greve

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DA SUCURSAL DO RIO

Os ministros da Fazenda, Ciro Gomes, e do Trabalho, Marcelo Pimentel, decidem nas próximas horas o destino dos grevistas da Petrobrás.
Para Pimentel, o governo tem de fazer cumprir a determinação do Tribunal Superior do Trabalho, que considerou a greve abusiva.
``Quem quiser trabalhar, muito bem. Quem não quiser trabalhar é sinal de que não quer mais trabalhar na Petrobrás", afirmou ontem Pimentel, ex-presidente do TST.
Segundo Pimentel, o governo analisa a possibilidade de demitir os petroleiros. A decisão será tomada com base na avaliação que a Petrobrás está fazendo do movimento grevista. ``Vamos verificar reações, interferências, os piquetes agressivos", disse o ministro.
Apesar de afirmar que não pretende fazer avaliação política sobre a paralisação, o ministro disse que há uma série de coincidências no movimento: houve um dia certo para todas as greves (``entre 27 e 28 de setembro") e todas elas foram feitas por categorias filiadas à Central Única dos Trabalhadores.
O ministro não acredita que haja problema de abastecimento por causa da greve ou mesmo por causa da demissão de petroleiros. Ele disse que há navios trazendo gás de cozinha da Venezuela e Argentina e que a gasolina já está sendo importada.
A direção da Petrobrás, em nota oficial, disse que o abastecimento de combustíveis está garantido. Citou que um navio com 17 mil t de gás de cozinha, vindo do Golfo Pérsico, chegou ao Rio.
Segundo a Petrobrás, as importações são suficientes para abastecer os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
Os petroleiros decidem hoje pela manhã, em assembléias nas portas das refinarias, se terminam com a greve iniciada à meia-noite da segunda-feira passada. Os trabalhadores não acataram a decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) que determinou na sexta-feira a volta ao trabalho.
Afonso de Menezes, diretor da FUP (Federação Única dos Petroleiros), disse que o abastecimento de derivados de petróleo está garantido, apesar da paralisação.
``Nós voltaremos à produção sempre que o abastecimento estiver ameaçado", afirmou. Segundo ele, os diretores da FUP monitoram ``atentamente" os estoques das refinarias.
No Rio de Janeiro, 27 plataformas da Bacia de Campos estão paralisadas e nove operam com apenas 30% da capacidade produtiva.
Na Reduc (Refinaria de Duque de Caxias), a direção do sindicato autorizou a substituição dos 50 funcionários que trabalhavam desde a segunda-feira passada, revezando-se em turnos de 16h.
Os petroleiros reinvindicam 108% de reposição salarial mais 10% de produtividade. A Petrobrás oferece 13,54%.
Volta ao trabalho
Os petroleiros da Revap (Refinaria do Vale do Paraíba), em São José dos Campos, voltaram ontem ao trabalho após seis dias de greve. Eles decidiram aceitar a sentença do TST que determinou o reajuste salarial da categoria em 13,54%.
O Sindicato dos Petroleiros de São José alegou falta de perspectivas para o encerramento da greve. ``Você suspende um movimento quando vê que não caminha mais", disse o secretário-geral do Sindipetro, Celso Alves dos Santos, 44.
A Revap é a segunda refinaria a voltar ao trabalho. Os petroleiros de Porto Alegre foram os primeiros a retornar.
Pelos cálculos da Revap deixaram de ser processados 620 mil barris de petróleo nos seis dias de greve.

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