São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Centrais já preparam nova onda de greves

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

As principais centrais sindicais preparam uma ofensiva neste fim de ano que pode colocar em risco a condução do Plano Real.
Sem exceção, o que os sindicalistas querem é a reposição imediata nos salários da inflação acumulada durante o real. Não descartam a greve como forma de pressão.
A única divergência entre CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical e CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) é o grau de exigência.
Juntas, as três centrais dizem representar 45.169.237 trabalhadores. A maior é a CUT, com uma base de 18.291.310 assalariados.
A CUT é também, de longe, a mais radical das três centrais. ``É inaceitável ficar sem reposição. Queremos reposição mensal", diz o presidente da central, Vicente Paulo da Silva, 38, o Vicentinho.
CGT e Força Sindical exigem reposição, mas aceitam alternativas ao reajuste mensal automático.
A alternativa que CGT e Força Sindical têm em mente é o gatilho salarial: estabelece-se um nível de inflação que, ao ser atingido, tem que ser repassado automaticamente para os salários.
Por exemplo, um gatilho de 5% significa que toda vez que a inflação acumulada for igual a esse percentual –não importando quanto tempo isso demore– os salários recebem um reajuste equivalente.
``Não precisa ser reindexação. Mas depois de uns 5% de inflação, tem que ter um gatilho", diz Paulo Pereira da Silva, 37, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e membro da direção nacional da Força Sindical.
``Correção só na data-base não dá. Mas o gatilho é aceitável. Só que acho que o nível de `disparo' tem que ser por volta dos 2,5%", diz Canindé Pegado, 38, presidente nacional da CGT.
A Força Sindical está virtualmente rachada. Seu presidente, Luiz Antônio de Medeiros, teve uma experiência frustrada ao se candidatar para o governo de São Paulo com o apoio –depois retirado– de Paulo Maluf (PPR).
Outro dirigente da Força Sindical, Edmilson Simões, foi do comando da campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O Sindicato dos Têxteis de São Paulo, filiado à Força, apoiou a candidatura a presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
``Fizemos um acordo de não nos reunirmos durante a eleição para não sair porrada", brinca Paulinho, do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo.
Para Paulinho, Medeiros não ficará confortável para ``bater continência para tudo que o Fernando Henrique quiser".
``Terá que convocar logo um congresso para recompor a diretoria da Força. É o único jeito".

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