São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Bônus tenta estimular saída de servidor

VALDO CRUZ ; GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A redução dos gastos com pessoal está nos planos da equipe que comanda o programa de governo de Fernando Henrique. Estuda-se a criação de um bônus de saída, para estimular aposentadorias ou pedidos de demissão de servidores.
O bônus é alternativa para o caso de o governo não conseguir mexer na estabilidade do funcionalismo, que depende de mudança na Constituição.
Para a equipe, mesmo que a mudança fosse aprovada, ela não atingiria o funcionário que já conta com o benefício da estabilidade.
A Constituição de 88 garantiu a estabilidade ao servidor que tivesse pelo menos cinco anos de serviço na data da promulgação da Carta. Concede ainda a estabilidade após dois anos de trabalho ao servidor que prestou concurso.
Pela proposta em estudo, o funcionário que optasse por antecipar sua aposentoria ou pedisse demissão, receberia uma indenização extra –o bônus de saída.
A reforma administrativa que começa a ser desenhada pelos tucanos prevê uma diminuição da estrutura do governo federal. A proposta considerada ideal reduziria o número de ministérios dos atuais 24 para cerca de oito a 12.
Esta redução, que implicaria na transferência de várias obrigações –educação e saúde, por exemplo– para Estados e municípios, teria de ser seguida de uma consequente diminuição do número de funcionários.
Atualmente, o governo tem cerca de 620 mil funcionários na ativa, na administração federal. Incluindo aposentados e inativos, este número salta para 1,057 milhão.
O corte no número de ministérios vai depender das composições políticas. Enquanto os tucanos defendem uma redução drástica –com o fim de pastas como Integração Regional e Bem-Estar Social–, os pefelistas e petebistas resistem.
A idéia mais radical reduz para oito os ministérios, com a criação do Ministério da Defesa. Além da Integração Regional e Bem-Estar Social, esta proposta extinguiria também o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo.
Na reforma administrativa dos tucanos, uma decisão, porém, é tida como certa. O fortalecimento da Presidência da República, com a criação de três supersecretarias.
Estas secretarias seriam a da Casa Civil, Secretaria Geral da Presidência e de Planejamento, que poderia mudar de denominação para ser Coordenadoria do Plano de Governo.
Elas seriam ocupadas por superministros, permitindo ao presidente um controle total do governo a partir do Palácio do Planalto. Na visão dos tucanos, isso não acontece hoje.
Os ministérios acabariam tendo um caráter mais operacional, colocando em prática a política de governo decidida pelo presidente com seus três superministros.

"No meu governo, a figura principal não será o ministro da Fazenda"
FHC, 2.ago.94

"Devo vencer as eleições e Lula seria um bom ministro do Trabalho"
FHC, 31.maio.94

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