São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Herdeiros disputam comando

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O economista Aloizio Mercadante sai da eleição sem um mandato eletivo, mas com muito mais peso interno e externo do que tinha antes da campanha.
A única ameaça ao plano de Mercadante de tornar-se o herdeiro político de Lula chama-se Olivio Dutra, o ex-prefeito de Porto Alegre que conseguiu ameaçar o favoritismo de Antônio Britto (PMDB) na sucessão gaúcha.
Mercadante saiu na frente de Dutra ao ganhar de Lula a indicação para ser seu companheiro de chapa. Aproveitou bem. Bom orador, incendiou os petistas nos comícios e deixou de ser uma referência apenas da representação paulista do petismo.
Pragmático que tem um discurso para cada tipo de auditório, Mercadante impressionou empresários tradicionalmente hostis ao partido. Não ganhou votos, mas abriu portas para o futuro.
Lula sempre admirou a habilidade de Mercadante, principalmente a presença constante de seu ex-assessor na mídia. A pouco dissimulada ambição de Mercadante, porém, já lhe custou advertências de Lula.
Uma das opções de Mercadante, que herdou de Lula até a simpatia de setores expressivos do sindicalismo cutista do ABC paulista, é disputar a Prefeitura de São Paulo em 96. Dutra, se conseguir chegar ao segundo turno gaúcho, entra no páreo pelo espólio de Lula. Ex-bancário, encarna mais que Mercadante a origem sindical do PT.
O ex-prefeito de Porto Alegre é junto com Lula o único petista que transita sem restrições pelos inúmeros grupos do partido.
Mercadante é membro da tendência petista ``Unidade na Luta" (ex-``Articulação") e Dutra, embora tenha origem política na ``Articulação", é mais aceito pelos setores mais à esquerda do partido.
Para o futuro não-imediato, Lula joga as fichas em Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Lula vê em Vicentinho uma liderança sindical eficiente com boa imagem até em setores habitualmente refratários ao discurso petista.

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