São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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Vicentinho quer Lula 'sensível'

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o bem do PT, Luiz Inácio Lula da Silva deveria ter sido flagrado em uma conversa informal através de antena parabólica –como a que derrubou do cargo, em setembro, o ministro da Fazenda Rubens Ricupero.
A tese foi defendida ontem pelo presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, que é ligado ao PT.
``Quem deveria ter sido pego na antena parabólica era o Lula. Exatamente porque, estando livre das câmaras, ele mostra aquele lado bom dele, humano, fraternal e sensível", disse Vicentinho.
O presidente da CUT acha que Lula apareceu sempre ``muito sério" na TV. Na eventualidade de um segundo turno, o candidato do PT à Presidência deveria se ``desarmar" um pouco mais no programa eleitoral.
Na tentativa de não caracterizar o comentário como uma crítica a Lula, Vicentinho acrescentou: ``Agora, ser sério não é pecado. Ninguém nunca viu Jesus Cristo dando risada?"
O presidente da CUT se disse seguro de que a eleição terá segundo turno e ironizou as pesquisas, divulgadas ontem, que apontaram a vitória de Fernando Henrique Cardoso já no primeiro turno.
``A Folha de S.Paulo, o Ibope e todos os institutos de pesquisa terão que dar um `glup' amanhã (hoje) e dizer: `Nos equivocamos em algo, porque a gente não previa segundo turno e aconteceu'."
``Glup", segundo Vicentinho, significa: ``Em revista em quadrinhos, quando você comete uma falha, que não tem como explicar, você faz `Glup!'. É isso."
O presidente da CUT voltou a fazer críticas ao Plano Real. ``A moeda é forte, mas os trabalhadores não tem acesso a ela. Como é que uma moeda pode ser tão forte, mais forte que a moeda alemã, que a moeda japonesa, e o povo viver tão pior que o povo daqueles países?", indagou.
Vicentinho teme que os preços recomecem a subir a partir de hoje. ``Deus queira que os preços não subam. Mas nesse caso não basta só pedir a Deus. Infelizmente, sabemos que há essa fragilidade (no plano)", disse.

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