São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994 |
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Inflação aumenta até 0,5 ponto com novo mínimo
MÁRCIA DE CHIARA
O cálculo é de Juarez Rizzieri, coordenador do IPC-Fipe (Índice Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). ``Esse efeito é muito forte, corresponde a quase 30% do atual nível de inflação", afirma. O restante da inflação, diz ele, deve ficar por conta do aumento dos preços dos produtos agrícolas e da moda primavera/verão. Além de aquecer o consumo de alimentos, o incremento de 8% no salário mínimo, de R$ 64,79 em agosto para R$ 70 em setembro, pressiona indiretamente alguns itens do setor de serviços que têm remuneração baseada no mínimo. A diária de uma faxineira, por exemplo, não parou de subir desde a entrada do real. Em julho, uma diarista cobrava entre R$ 7 e R$ 12. Atualmente, esse valor oscila entre R$ 11 e R$ 20. ``Em julho, nenhuma faxineira poderia ganhar menos do que 10% do salário mínimo. Hoje, o mínimo é de 15%.", diz Cacilda Gomes Pimenta, que preside o Sindicato das Empregadas Domésticas. Junto com outras despesas de manutenção da casa, como consertos de eletrodomésticos e o condomínio, o gasto com faxineira pesa 3,49% no IPC-Fipe. Segundo os técnicos, a pressão na inflação de outubro não deve vir só daqueles setores que remuneram os empregados pelo salário mínimo. Outro foco de alta pode ser os condomínios residenciais. O piso dos empregados de edifícios supera o salário mínimo. Mas a categoria está na véspera do dissídio, que é em novembro. Por conta disso, há administradoras fazendo um fundo de caixa para bancar as despesas de aumento de salário. ``Já estamos arrecadando entre 7% e 8% mais no codomínio de outubro sobre o de setembro", diz Luciana Videira, coordenadora de condomínios da Lello Imóveis. Segundo ela, isso estaria ocorrendo com mais da metade dos 400 prédios que a empresa administra. José Roberto Graiche, presidente da AABIC, entidade que reúne as administradoras, diz que o condomínio se mantém desde julho. Em sua opinião, o condomínio só deve sofrer acréscimo em novembro. Nesse mês, além das despesas extras com aumento do salário por conta do dissídio, Graiche lembra que é nessa época que deve ser paga a primeira parcela do décimo terceiro salário. Cabeleireiro Também os serviços pessoais, que pesam 0,81% da inflação medida pela Fipe, estão entre os ingredientes que podem apimentar o índice de outubro. Os preços dos serviços prestados pelos cabeleireiros, que fazem parte desse item, estão subindo entre a 4% e 5%, desde a entrada do real em alguns salões. A afirmação é de Adalto Meciano, assessor da presidência do Sindicato dos Institutos de Beleza e Cabeleireiros de Senhoras do Estado de São Paulo. Neste caso, aumento dos preços é puxado pela subida dos aluguéis dos salões. Nos estabelecimentos médios e pequenos, diz Meciano, o aluguel responde por 30% da despesa do negócio. Praticamente, o acréscimo no salário mínimo não tem reflexo nesse setor. Motivo: o piso salarial dos empregados dos institutos de beleza também está acima do mínimo e o díssidio é em maio do ano que vem. Texto Anterior: O papel da imprensa Próximo Texto: R$ 80,3 mi entram na economia Índice |
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