São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
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G. Love canta blues

ZECA CAMARGO

Jazz rap? Esqueça. Ou melhor, não esqueça porque ainda se faz muita coisa boa, mas deixe de querer ser bacana citando-o como a última tendência. Para aquele verniz atualizador, passe desde já a usar a expressão ``blues rap". E, para um efeito extra, cite G. Love and Special Sauce.
Seu álbum de estréia, lançado no último verão americano, causou pouco ou nenhum impacto na parada. Mas uma boa escavação nas seções de críticas de revistas de música importadas revela a verdadeira adoração que G. Love estimulou entre os jornalistas especializados.
Ter introduzido algum elemento novo no rap é até um mérito menor de G. Love –afinal, cabe de tudo nesse gênero musical. Os grandes elogios vão para a maneira como ele faz isso, evocando espontaneamente nomes como Muddy Waters e John Lee Hooker– sem exageros.
O fato de G. Love ser de Filadélfia nem quer dizer muita coisa. Seus tenros 21 anos e um pomposo nome verdadeiro (Garret Dutton 3) também significam pouco. O que conta mesmo é o inacreditável espírito que ele consegue colocar em sua música. Dos acordes já manjados de uma guitarra de blues aos improvisos surpreendentes da voz de G. Love, as faixas de seu álbum (que leva apenas seu nome e o da banda) conseguem ter aquilo que se costuma chamar de ``fator novidade".
Quer dizer, nada do que ele está fazendo ali é realmente novidade, nem a guitarra nem o rap nem a mistura. Mas, no sempre cansado cenário pop, G. Love entra com um tempero especial. Não é à toa que sua banda se chama Special Sauce.

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