São Paulo, terça-feira, 4 de outubro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ópera critica o 'yuppismo'

LUIS ANTONIO GIRON
DO ENVIADO A GRAZ

O expressionista pós-moderno Gerald Thomas passa por uma fase cômica e autoparódica. Está reciclando para o riso o que realizou seriamente nos últimos dez anos. É uma crítica bem-humorada ao ``yuppismo" das artes na última década.
A simbologia, o uso de ícones wagnerianos, o absurdo pessimista de Beckett e o virtuosismo cênico aparecem em ``Narcissus".
No entanto, a exemplo de suas peças recentes, esses elementos recebem tratamento cômico e se distanciam do impulso que os gerou. Thomas se converte no quase antiThomas.
Quase, já que o arcabouço é o mesmo. O estilo se mantém refratário a interpretações diretas. Thomas justapõe planos cênicos, da historinha paródica à alegoria. A justaposição combina com a música neo-serial de Furrer.
Narciso –interpretado pelo barítono alemão Hannes Hellmann e pelo tenor norte-americano Eugene Procter– tem 40 anos e é vaidoso e ambíguo, como Thomas e Furrer. A personagem feminina –Eco, feita pela excelente soprano romena Roxandra Donose, 30– ama e sobrevive a Narciso.
Thomas e Furrer pretendem mostrar que a arte contemporânea está impotente e infensa aos mitos.
(LAG)

Texto Anterior: Gerald Thomas acha feio o que é espelho
Próximo Texto: Crise no Masp pode ter solução hoje
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.