São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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Dirceu quer mudança no PT

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato ao governo do Estado pelo PT, José Dirceu, 48, disse ontem que, depois da eleição, o PT vai tentar mudar sua imagem para se tornar mais palatável à classe média.
São dois os objetivos principais: aumentar a divulgação das qualidades de suas administrações e tentar neutralizar os grupos radicais do partido.
Dirceu ainda acredita que pode ir para o segundo turno com Mario Covas (PSDB). Para ele, Francisco Rossi (PTD) recebeu os votos malufistas.

Folha - Qual o futuro do PT depois dessa eleição?
José Dirceu - O PT deve mostrar mais para a sociedade e dar mais importância para os governos municipais. São uma demonstração prática do que nós pregamos. Eles são exemplos de capacidade administrativa. Santos e Diadema são considerados exemplos de saúde pública no mundo. O PT precisa também resolver esse problema da questão interna.
Folha - Qual questão?
Dirceu - Não pode continuar essa imagem que existe sobre a questão interna do PT. Não interessa se ela foi criada pelos nossos inimigos ou se é verdadeira. Temos que distender essa coisa interna. Não é possível mais conviver com esse clima. Para resolver isso, o melhor é mudar as regras com relação às questões internas do partido.
Folha - Qual sua proposta?
Dirceu - Não tenho clareza. Temos que criar outro tipo de disputa. A convivência interna no PT tem que partir de outros padrões e valores. Ela passa uma imagem para a sociedade muito pequena e sectária. O PT não vai se dividir nem ter expurgo. As correntes de esquerda vão ter um papel importante.
Folha - O PT já consolidou um perfil ideológico?
Dirceu - O partido é um partido social-democrata de esquerda. Seu objetivo é democratizar as instituições políticas, a riqueza e o poder. Criar uma sociedade civil forte, distribuir renda.
Folha - Como contornar a rejeição na classe média.
Dirceu - O que afasta o PT da classe média são os preconceitos. Se eles analisassem o tipo de gestão que fazemos perceberiam que é a melhor para a classe média. Os grandes problemas deles hoje são pagar a saúde e a educação, que são nossos pontos fortes.
Folha - Como você analisa a votação de Francisco Rossi?
Dirceu - É o eleitorado malufista, evangélico. Teve um bom programa de TV. Ele é uma pessoa experiente, foi duas vezes prefeito. Teve muito dinheiro, que ajuda bastante. Sua campanha foi muito cara.

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