São Paulo, quarta-feira, 5 de outubro de 1994
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FHC e os 40 ministros

GILBERTO DIMENSTEIN

BRASÍLIA – Convenhamos: até agora foi moleza para Fernando Henrique Cardoso. Seus adversários não lhe deram muito trabalho: dificuldade mesmo já começa a ter com seus aliados, sedentos por cargos. Uma frase proferida ontem mostra que ele é capaz de sentir saudades das eleições, quando só tinha de enfrentar o PT.
Diante dos pedidos que se avolumam, o secretário-geral do PSDB, Sérgio Motta, principal assessor de Fernando Henrique, ironizou: ``Desse jeito, vamos ter de ampliar o ministério para mais de 40 pastas".
Note-se que o cadáver ainda está quente. As eleições não terminaram e muitos candidatos não sabem se vão para segundo turno. Hélio Costa, por exemplo, pediu três ministérios para Minas Gerais. José Eduardo Andrade Vieira reivindica ao Paraná o Ministério da Agricultura.
O futuro senador Antônio Carlos Magalhães pontifica: ``Espero que a Bahia tenha lugar de destaque no governo". Há insinuações de José Sarney e Itamar Franco, ambos de olhos em posições para apadrinhados.
Registrei nessa coluna duas promessas do então candidato: 1) os ministérios da Saúde, Educação e Agricultura ``jamais" passariam por negociação partidária; 2) o número de pastas ``será" enxugado.
Agora vamos ver.
PS – A ofensiva de marketing dos tucanos estava baseada num documento acessível apenas à cúpula da campanha, obtido pela Folha. Ali, existe uma visão nada dignificante da imprensa. ``Hoje, a disputa pela fofoca ou pelo detalhe apimentado pode significar, para os repórteres, a possibilidade de furo ou da manchete de seu veículo... Bem ou mal, a imprensa tem relegado a um segundo plano a discussões sobre os problemas do país ou sobre as propostas dos candidatos. Ou porque os jornalistas são despreparados ou porque a fofoca vende jornal." Daí, o texto recomenda ao candidato: ``É melhor perder uma boa piada do que a eleição".

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