São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Bancários de estatais aceitam acordo feito com petroleiros

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo pode evitar a greve marcada para o dia 26 no Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal caso aceite discutir um acordo nos moldes do firmado com a Petrobrás pelos petroleiros.
Essa é a posição de Sérgio Rosa, presidente da Confederação Nacional dos Bancários da CUT.
``Se não há possibilidade de obtermos agora os 119% mas conseguirmos discutir alternativas de ganho salarial imediato para os bancários, devemos negociar já."
No acordo que pôs fim à greve dos petroleiros, intermediado pelo presidente Itamar e pelo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vicente Paulo da Silva, foi criada uma comissão para negociar o pagamento de passivos trabalhistas de planos econômicos.
O reajuste além dos 13,54% previstos na lei salarial do Plano Real será discutido depois.
``Só no Banco do Brasil existem mais de 17 ações tramitando na Justiça exigindo as perdas ocorridas nos planos passados", afirma.
Paulo Salvador, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, também considera ``negociável" uma proposta semelhante à apresentada na reunião em Juiz de Fora que pôs fim à greve dos petroleiros.
``As perdas com o Plano Bresser representariam um reajuste de 26,05% a ser incorporado aos salários. Com o Plano Verão, dariam um abono (não incorporado) de um salário e meio", calcula o dirigente bancário.
Para Rosa, se for preciso, os bancários vão chamar Vicentinho, e o próprio presidente Itamar para negociar.
Com os bancos privados não há acordo ainda. No próximo dia 13 acontece a quarta audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Até lá, deveria haver negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) sobre as cláusulas sociais. Mas, segundo Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ``infelizmente, a Fenaban ainda não nos chamou para negociar".
Um encontro da categoria ontem programou uma greve geral para o dia 19. Para conseguir os 69,69% reivindicados para a data-base em novembro, os metalúrgicos de São Paulo da base da Força Sindical prometem adotar estratégia semelhante à dos bancários.
``Vamos começar com greve por empresa", afirma disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Apesar de ter data-base dois meses depois (a dos bancários é em setembro), os metalúrgicos pedem um reajuste menor: 54,85% contra 119%. ``O Dieese tinha falado em 92%. Não adianta pedir um número muito alto. Com ele não se chega a acordo algum", diz Paulinho.

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