São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Volta de capital externo depende de desempenho do governo FHC

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A volta maciça de investimentos diretos estrangeiros ao país depende do desempenho de FHC na fase crucial da lua-de-mel do novo presidente com o eleitorado nacional e a comunidade internacional.
A avaliação é de analistas das principais instituições financeiras e comerciais da ``City" e de ``Wall Street", os centros financeiros e de negócios de Londres e Nova York, respectivamente.
Os especialistas ouvidos pela Folha prevêem taxas de inflação, em 1995, que vão desde o nível encorajador de 25% ao patamar preocupante 250% ao ano.
Os otimistas acreditam que FHC conseguirá nos 120 primeiros dias de seu governo obter o apoio político necessário para as reformas estruturais de sustentação do real.
Os pessimistas temem que Fernando Henrique Cardoso perca a queda-de-braço do equilíbrio fiscal com os setores conservadores e corporativistas do Congresso, pondo por terra a estabilidade ainda precária obtida no período de dentição do Plano Real.
David Lubin, do grupo HSBC, que é dono do Midland Bank, da Inglaterra, diz que os investidores estrangeiros se sentem ``muito à vontade " com FHC, mas adverte que nem tudo são flores na área econômica brasileiro.
``Para atrair investimentos, Fernando Henrique Cardoso tem três desafios pela frente: conseguir apoio no Congresso para as reformas estruturais, fazer a revisão constitucional e progresso nas privatizações", afirma.
Lubin acredita que se FHC vencer esses desafios enviará ``sinais positivos" aos investidores estrangeiros de que haverá equilíbrio fiscal depois da extinção do FSE (Fundo Social de Emergência).
Alfredo Viegas, da Salomon Brothers, de Nova York, diz que FHC tem ``que atacar a questão do federalismo, simplificar o sistema tributário, reformar a Previdência e fazer a revisão constitucional".
``O investimento direto vai crescer à medida que FHC mostrar que é capaz de manter a inflação baixa e transformar o Brasil em um novo Chile ou nova Argentina", diz.
Stephen Rose, presidente da Stephen Rose & Partners, de Londres, diz que FHC é ``um homem de calibre", que tem prestígio para enfrentar os problemas estruturais do país causados pela ``desastrosa" Constituição de 1988.
Otimista, Rose prevê uma taxa de inflação entre 25% e 35% em 1995 no Brasil. ``Ele não pode resolver todos os problemas de uma vez só, mas dará um governo de qualidade ao Brasil", diz.
Jonathan Morris, da LatinInvest, de Londres, diz que a vitória eleitoral de FHC está provocando um interesse ``substancial" dos investidores estrangeiros.
``Se tudo der certo, veremos uma inflação de 20%, em 95, mas, se FHC fracassar, o país volta a uma taxa inflação de mais de 1000% ao ano".
Suhas Ketkar, do Firts Boston, de Nova York, prevê uma ``enxurrada" de investimentos externos no Brasil caso FHC alcance um equilíbrio fiscal definitivo no país.
Ketkar calcula que a inflação ficará entre 20% e 40%, ao ano, em 95, dependendo do êxito de FHC na manutenção do equilíbrio fiscal.
O boletim ``Consensus Economics" desta semana, que circula em instituições financeiras de Nova York prevê uma inflação anual no Brasil em 95 de 25% (Bankers Trust) a 250% (JP Morgan).

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