São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994 |
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Boff quer `o mesmo FHC da sociologia' Teólogo pede `coerência ao sonho' JOSÉ GERALDO COUTO
É o 38º livro de Boff lançado na Alemanha, onde, segundo ele, suas obras são adotadas nos cursos de teologia e nas aulas de religião no ensino médio. O teólogo fez campanha para Lula na eleição presidencial. Folha - Por que seus livros são tão lidos na Alemanha? Leonardo Boff - Catolicismo e protestantismo são religiões do Estado aqui, com aulas obrigatórias nas escolas. Como a Teologia da Libertação traz uma mensagem mais jovem, mais aberta, mais mundializada, meus textos são muito usados nas escolas. Meus livros às vezes têm mais edições aqui do que no Brasil. Folha - Isso reflete também um interesse pelo Brasil? Boff - O público alemão tem uma ligação muito forte com o Terceiro Mundo, através dos organismos de ajuda que as duas igrejas mantêm e que o Estado apóia. Nossa luta é por um novo intercâmbio: não somos só pobres que devem ser ajudados, também temos riquezas culturais e humanas que ajudam o Primeiro Mundo a recolocar em questão seu modelo de desenvolvimento, que tipo de sociedade se quer e em que direção a humanidade segue. Folha - Quais são as perspectivas que o sr. vê para o Brasil com um governo FHC? Boff - Faço votos que o Fernando Henrique Cardoso da política seja o mesmo da sociologia, a quem nós, teólogos da libertação, muito devemos, porque um momento da Teologia da Libertação é interpretar o sistema capitalista dependente e associado. E foram sociólogos como Fernando Henrique que nos ensinaram a entender o capitalismo como um grande processo de associação dependente. Ensinaram também que o caminho do desenvolvimento auto-sustentado latino-americano não pode se dar prolongando essa lógica, mas rompendo com ela a partir de uma base mais popular, com um povo mais organizado. Faço votos que ele faça do poder mediação para realizar esses sonhos. Texto Anterior: Tasso quer Estado `pequeno e forte' Próximo Texto: Pedetistas já admitem participar de revisão Índice |
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