São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Rossi aderiu a cinco partidos e 3 religiões

Candidato já foi malufista e collorido

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Francisco Rossi tenta dar um tom de originalidade a seu discurso que contrasta com sua biografia, típica de um político tradiconal.
O candidato do PDT ao governo de São Paulo já pertenceu a cinco partidos, foi duas vezes deputado federal e prefeito de Osasco e ocupou a Secretaria de Esportes e Turismo no governo Paulo Maluf.
Entre um cargo e outro, foi derrotado na eleição de 1982 para a Prefeitura de Osasco, tentou sem sucesso chegar à Prefeitura de São Paulo em 1985 e, por duas vezes, ensaiou se candidatar a governador.
Sua face mística também é eclética. Rossi nasceu em família católica, foi adepto de uma seita oriental em 1986 e, há um ano e meio, é evangélico.
Em entrevista à Revista da Folha, em setembro, afirmou que já fez milagres como curar pessoas, parar tempestades ou ``abrir caminho" em congestionamentos.
Aos 54 anos, o candidato faz questão de mesclar o discurso político e sua opção religiosa.
Apareceu com uma Bíblia no primeiro programa do horário político na TV dizendo que era guiado por seus princípios. Já gravou discos religiosos.
Durante a campanha, percorreu inúmeras igrejas evangélicas na esperança de conquistar os votos dos cerca de três milhões de eleitores evangélicos.
A carreira de Rossi começou em 1972, com sua eleição para a Prefeitura de Osasco (Grande São Paulo) pela Arena. Em 1978, assumiu uma cadeira na Câmara. Dois anos depois, foi nomeado secretário de Esportes e Turismo de Maluf.
Foi afastado do cargo em 1981 por iniciar um movimento favorável à sua candidatura a governador. Maluf já havia escolhido Reynaldo de Barros como candidato à sua sucessão e não gostou da articualação.
Rossi já havia ensaiado uma tentativa de chegar ao Palácio dos Bandeirantes em 1976.
Não foi daquela vez. Em 1982, no fim de seu mandato como deputado federal, Rossi conseguiu do presidente João Batista Figueiredo a concessão da rádio ``Difusora do Oeste", que mantém até hoje.
A concessão foi contestada pelo então candidato a prefeito de Osasco Gabriel Figueiredo, do PMDB. Segundo ele, a Constituição proibia que deputados fossem proprietários de emissoras de rádio.
Rossi rebateu dizendo que não era ``dono", mas ``acionista" da rádio, e o Ministério das Comunicações afirmou que cabia ao presidente da República outorgar ou não a concessão.
Em 1985, Rossi fez uma aposta mais modesta que o governo do Estado e disputou a Prefeitura de São Paulo. Para executar seu projeto, fundou o PCN (Partido Comunitário Nacional), já extinto.
Terminou a disputa em quarto lugar, bem atrás de Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso e Eduardo Suplicy.
Deixou pelo menos uma marca na eleição: o jingle que repetia ``Francisco Rossi, Francisco Rossi". No ano seguinte, já em nova legenda, o PTB, se elegeu deputado federal constituinte. Conseguiu 141.862, o mais votado do partido.
Rossi retornou à Prefeitura de Osasco em 1988. Quatro anos depois, conseguiu eleger seu sucessor, Celso Giglio (até hoje no PTB). Na eleição presidencial de 1989, ainda no PTB, Rossi aderiu à candidatura Fernando Collor.
No PDT, inicialmente, iria candidatar-se ao Senado. Por falta de concorrentes dentro do partido terminou na disputa pelo governo, justamente o que já havia tentado duas vezes antes.

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