São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Armadilha tentadora

DEMIAN FIOCCA

A política comercial ganha relevância no combate à inflação. A forte valorização do real face ao dólar e as reduções nas alíquotas de importação deverão fazer da competição externa um dos principais obstáculos à subida de preços.
Apesar dos resultados relativamente eficazes dessa política no médio prazo, ela pode conduzir o país a uma armadilha. À medida que se ancora a estabilização nas importações, inviabiliza-se a possibilidade de voltar atrás na redução de tarifas e na valorização do câmbio sem que haja nova inflação.
Se o controle inflacionário depender da presença de produtos importados especialmente baratos, qualquer medida que eleve o custo de trazer esses bens do exterior fará subir os índices de preço.
No México, o déficit comercial projetado para este ano é de assombrosos US$ 30 bilhões, cobertos por investimentos externos e entradas financeiras. Se esse fluxo –necessariamente voluntário– se reduzir, não há oferta nacional de mercadorias equivalentes ao mesmo preço. Na Argentina, estima-se uma sobrevalorização de até 40% no câmbio. E, no entanto, a estabilização depende de manter-se paridade entre o peso e o dólar.
México e Argentina estão encurralados entre o déficit externo e a inflação. O Brasil pode cair na mesma armadilha.

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