São Paulo, domingo, 9 de outubro de 1994
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Helmut Kohl tenta reeleição na Alemanha

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BERLIM

Os alemães vão eleger, daqui a uma semana, seu novo Parlamento. Dele sairá o próximo chefe de governo do país, o chanceler federal. O que seria uma campanha eleitoral monótona –com a reeleição do atual chanceler, Helmut Kohl– mudou agora na reta final.
Especula-se sobre um novo tipo de coligação que sustente mais um mandato de Kohl, ou mesmo sobre uma mudança no poder, com um governo social-democrata sob a liderança de Rudolf Scharping.
Mas também é possível que não mude nada, como espera Kohl. Há 12 anos no cargo, ele pode se eleger pela quarta vez e seu governo conservador ser sustentado pela atual coligação liberal-cristã.
A popularidade de Kohl subiu, depois de ele ter amargado três anos de críticas ao processo de reunificação da Alemanha.
Agora a economia está crescendo, e o índice de desemprego caindo. Pesquisa divulgada esta semana pela revista ``Der Spiegel" indica que o partido de Kohl seria o mais votado (com 41% dos votos).
Incerto, porém, é o que acontecerá com o FDP, o Partido Democrático Livre, dos liberais.
O FDP apóia no Parlamento o partido de Kohl, a União Democrática Cristã (CDU), que por sua vez está coligada com a União Social Cristã (CSU), o partido mais forte da Baviera. Essa coligação com os liberais garante ao chanceler a maioria no Parlamento.
O FDP vive agora uma crise: ele não conseguiu se eleger nos últimos sete pleitos estaduais, nem para o Parlamento Europeu. Com a possibilidade de os liberais não conquistarem nenhuma cadeira no Parlamento, a CDU corre o risco de ficar sem maioria.
Os partidos discutem, mas ainda nos bastidores, a proposta de se firmar uma grande coligação CDU-CSU-SPD. Isso já ocorreu entre 1966 e 1969, período de grande agitação social, no qual o governo alemão lançou medidas de segurança hoje consideradas não muito democráticas.
Pesquisas indicam que o apoio ao SPD também cresce entre os eleitores (cerca de 36%). Sozinho, porém, o partido não elegeria Scharping. O SPD teria mais votos que a CDU e poderia eleger Scharping chanceler, se contasse com o apoio de um ou mais partidos.
Poderia apoiar eventualmente os social-democratas a Aliança 90/Verdes, que une os verdes alemães-ocidentais e um movimento de defesa dos direitos civis da antiga Alemanha Oriental.
Outra possibilidade, mais remota, seria um apoio do Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do partido socialista que governava sozinho a extinta Alemanha Oriental, e que obteve uma ótima votação nas últimas eleições estaduais.
No Estado da Saxônia-Anhalt, os social-democratas e os verdes formaram recentemente um governo de minoria, com um apoio informal dos socialistas. O fato causou um choque entre os alemães-ocidentais, desacostumados a ver socialistas ou comunistas participando de governos democráticos.
A CDU de Helmut Kohl passou a usar o caso da Saxônia-Anhalt como uma arma na campanha eleitoral: seus panfletos e cartazes passaram a identificar social-democratas com comunistas.
Mas uma união com os socialistas é descartada principalmente pela ala conservadora do SPD, à qual pertence Rudolf Scharping.
Liberais menos conservadores também defendem a chamada ``coligação-semáforo": vermelho do SPD, amarelo do FDP e verde dos Verdes. Mas o presidente do partido liberal, Klaus Kinkel, ministro das Relações Exteriores e grande aliado de Kohl, descarta essa possibilidade.
Já os Republicanos, partido de extrema-direita, aparecem com poucas chances. Eles não se elegeram nos últimos pleitos estaduais, incluindo o da Baviera, seu reduto eleitoral.

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