São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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Escassez de papel reduz número de páginas da Folha

DA REPORTAGEM LOCAL

A Folha circula hoje com 88 páginas, 30% menos do que na segunda quinta-feira de agosto, por exemplo.
O jornal mais magro reflete os problemas enfrentados com o fluxo do fornecimento da cota brasileira de outubro, contratada em julho de 1994, além de sucessivos atrasos nas chegadas de navios que trazem o papel de imprensa importado pela Folha, procedentes de várias localidades no mundo.
Um caderno sobre a Bienal de São Paulo está pronto e não foi rodado por falta de papel.
A Folha não é o único afetado pela falta de papel. O jornal ``O Globo", do Rio, anunciou que também está tendo problemas de abastecimento. Jornais como ``O Dia", do Rio, ``Gazeta do Povo", de Curitiba, ``Estado de Minas", entre outros, já tiveram problemas ou operam com estoques limitados.
A corrida dos preços nos EUA dá a medida da crise. Em agosto, produtores americanos pressionavam os jornais a aceitar alta de mais 10%, que elevaria a tonelada a US$ 550.
Hoje não se compra papel-jornal de primeira qualidade por menos de US$ 600 –nível que, se acreditava, seria alcançado apenas no final do próximo ano.
Desde o começo do ano, os preços subiram 50%, segundo Osmar Zogbi, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e Celulose.
A falta de papel é consequência do forte aumento da demanda provocado pelo reaquecimento da economia mundial.
Nos EUA, os jornais aumentaram o consumo 4,9% no primeiro semestre. Foi o suficiente para que começasse a faltar papel para exportação, o que afetou principalmente a América Latina.
Os jornais brasileiros, que este ano devem importar pouco mais da metade do papel que consumirão, sofrem os efeitos da crise.
Segundo Zogbi, o consumo de papel de imprensa até dezembro ficará 22% acima do registrado em 93, chegando a 560 mil toneladas.
A alta deve-se ao aumento das tiragens, principalmente da Folha, que em pouco tempo dobrou a circulação aos domingos.
Como a produção nacional continuará estagnada em 276 mil toneladas –já que não há ociosidade no setor–, crescerá a dependência de importações.
A partir dos dados da associação, conclui-se que a participação das importações aumentará de 40% em 93 para 51,7% em 94.
A produção nacional está a cargo da Klabin Papel e Celulose e a Pisa (Papel de Imprensa S/A), controlada pela Fletcher-Challenger e com participação acionária da OESP Gráfica.

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