São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 1994
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País registra prisões ilegais, morte e tortura, segundo Anistia

FERNANDO FURRIELA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Índia continua registrando sérios casos de desrespeito aos direitos fundamentais do ser humano.
Em 1993, dezenas de milhares de presos políticos foram detidos sem acusação formal nem ordem judicial, por aplicação de leis especiais ou de detenção preventiva.
A tortura de presos constituiu prática rotineira e resultou na morte de dezenas de pessoas sob custódia do Exército ou da polícia. A Anistia Internacional identificou 484 mortes nessa situação entre janeiro de 1985 e junho de 1993.
Surras, choques elétricos ou dependuramento pelos pulsos ou tornozelos são os métodos mais citados pelas vítimas –delinquentes comuns ou perseguidos políticos.
Dezenas de presos políticos ``desapareceram". Há informações de que as forças de segurança executaram extrajudicialmente centenas de pessoas.
A oposição armada e grupos separatistas também cometeram inúmeros abusos, como o assassinato de civis e a tomada de reféns.
O Estado de Cachemira e Jammu, em particular, esteve sob intervenção do governo central durante o ano de 1993. De lá chegaram notícias de tortura pelas forças de segurança quase diariamente.
Segundo informes da polícia, 132 pessoas morreram sob custódia em 33 dias (março e abril de 93). O Exército e as forças paramilitares são acusados de dezenas de ``desaparecimentos"; as forças de segurança, de execução extrajudicial de centenas.
Em setembro passado, o governo criou uma Comissão Nacional de Direitos Humanos. Seu mandato, contudo, é limitado e exclui a investigação de certas violações cometidas no Estado de Cachemira e Jammu e no nordeste.
Não se iniciou nenhuma reforma legislativa para salvaguardar os direitos dos detidos ou para limitar os poderes arbitrários outorgados às Forças Armadas.

FERNANDO NABAIS DA FURRIELA, 33, é advogado da seção brasileira da Anistia Internacional, da qual já foi diretor jurídico.

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