São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 1994
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Jornais dos EUA planejam cortar consumo de papel

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA ; OSCAR PILAGALLO
DE WASHINGTON

O preço do papel de imprensa nos Estados Unidos vai continuar subindo e muitos jornais se preparam para reduzir seu consumo.
``Há uma tremenda preocupação entre os publishers de jornais", disse ontem à Folha Jim McLaren, editor de ``Pulp and Paper Week", especializada no mercado de papel de imprensa.
Entre fevereiro e outubro deste ano, o preço médio já subiu 21% e espera-se para dezembro aumento de US$ 48 por tonelada.
``Aqui não ocorreu interrupção de fornecimento como em outros países porque os jornais dos EUA são prioritários para os produtores domésticos e do Canadá. Mas os editores estão sentindo a pressão", disse McLaren.
Vários jornais estão tomando medidas para conter o consumo de papel. Muitos estão empenhados em programas para reduzir o desperdício durante a impressão, afirmou McLaren.
``The New York Times" elevou o preço de capa em US$ 0,10 em setembro (passou de US$ 0,50 para US$ 0,60), o primeiro aumento em três anos.
``The Los Angeles Times" está deixando de circular em áreas onde o acesso é tão difícil que não compensa vender lá.
McLaren, que está preparando um estudo sobre como os jornais enfrentam o aumento do preço de papel, lista outras medidas ainda não usadas nos EUA: elevar o custo da publicidade e cortar o espaço editoral.
Em 1993, os jornais dos EUA consumiram 11,7 milhões de toneladas de papel de imprensa. Este ano, o consumo a cresceu 8% em relação a 1993.
O ponto mais baixo do consumo de papel de imprensa nos EUA ocorreu em 1990, quando caiu 6% em relação a 1989, devido à recessão econômica.
Quase todo o papel de imprensa nos EUA é produzido no próprio país ou no Canadá.
É por isso que a disponibilidade de exportação de papel canadense para outros países depende do comportamento do mercado dos Estados Unidos.
Na melhor das hipóteses, a maior fabricante do Canadá, a Abitibi Price, pode exportar 100 mil toneladas extras em 95.
Este ano deverá vender 500 mil toneladas a outros países, além da cota dos EUA.
Mesmo se concretizada, essa perspectiva representa pouco alívio para o abastecimento. ``A disponibilidade vai continuar precária pelo menos até 1997", disse ontem à Folha Ed Ahern, diretor de marketing da Abitibi Price.
Ele acredita que as fábricas fechadas nos últimos anos só vão reabrir quando o preço chegar a US$ 600, a tonelada, no mercado americano, o que estima só vá ocorrer em meados do primeiro semestre de 1995.
Até lá, os preços devem continuar subindo no mesmo ritmo dos últimos meses, segundo Ahern. Depois, a alta continuaria, mas seria mais lenta. Até setembro foi de 50% no mercado mundial.
Ahern prevê que, no mercado ``spot" internacional, a cotação ``ultrapassará facilmente a barreira dos US$ 700". Hoje está entre US$ 600 e US$ 640, mas ele diz estar recebendo pedidos de fornecimento a qualquer preço.
Apesar disso, Ahern afirma que continuará dando prioridade aos contratos de longo prazo e que manterá presença nos mercados que considera importantes, entre os quais cita o Brasil.

Colaborou OSCAR PILAGALLO, da Reportagem Local.

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