São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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FHC quer que o seu ``SNI" acompanhe conflitos sociais

GILBERTO DIMENSTEIN
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, pretende reformular a estrutura de informações do governo, hoje capitaneada pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos).
A SAE resultou do SNI (Serviço Nacional de Informações). FHC quer que ela volte a atenção especialmente para o acompanhamento de conflitos sociais.
O atual ministro–chefe da SAE, almirante Mário César Flores, deverá ser mantido no cargo.
FHC quer que a SAE abandone as atividades de espionagem e trate da avaliação de cenários políticos, com ênfase na detecção de áreas onde poderão ocorrer conflitos sociais durante seu governo.
O futuro presidente deu sinais de sua pretensão à própria SAE, que já começou a elaborar um mapeamento dos setores onde pode se tornar mais aguda a crise social brasileira.
Dois setores já estão com o mapeamento quase pronto: na área rural, as zonas de conflito entre sem-terras, posseiros, grilheiros e fazendeiros. Na área urbana, um levantamento sobre a situação das principais favelas das grandes metrópoles do país.
Na estratégia de FHC, o trabalho da SAE servirá de base para o estabelecimeto de políticas sociais emergenciais, visando a evitar a explosão de conflitos.
A equipe econômica avalia que, mesmo na hipótese de o Plano Real dar certo, haverá necessidade da implantação de políticas sociais de emergência a fim de socorrer trabalhadores de baixa renda ou subempregados.
Nesse caso, teriam tratamento prioritário as áreas apontadas pela SAE como as de maior tensão social. FHC não afasta a hipótese de, nessas áreas, também adotar políticas que chama ``firmes" de segurança.
Ele chegou a dizer a assessores que, se for preciso, ``para dar mostras da presença firme do Estado", está disposto até a acionar o Exército no combate à criminalidade no Rio de Janeiro.
Durante os 40 minutos em que visitava um tio, um motorista foi assaltado na mesma rua de Copacabana onde estava FHC.
Mas o futuro presidente avalia que as políticas de segurança não darão qualquer resultado se forem desconectadas de políticas sociais emergencias e até das de médio e longo prazos.

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