São Paulo, segunda-feira, 17 de outubro de 1994
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Lipoaspiração exige cuidado antes e depois da operação

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A morte há três semanas de Helenita Caparrus Pereyra, mulher do ex-jogador Dario Pereyra, trouxe à tona os riscos que cercam cirurgias relativamente seguras como a lipoaspiração.
Helenita teve seu intestino perfurado quando removia gordura localizada na abdome (barriga). A cânula utilizada (veja quadro abaixo) ultrapassou a camada muscular e atingiu o intestino.
A perfuração trouxe uma série de microorganismos intestinais para a região operada, causando uma infecção que se generalizou e acabou matando a paciente.
Ovídio da Costa Ramos, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, diz que o problema com Helenita é extremamente raro.
Segundo Ramos, a maioria absoluta das lipoaspirações, desde que praticadas com técnica adequada e por um profissional habilitado, transcorre sem problemas.
O fato é que muitas mulheres que escolhem essa modalidade de plástica ignoram os riscos e as dificuldades que vão enfrentar no período pós-operatório.
Para prevenir as complicações, o paciente deve procurar um especialista indicado por outros médicos ou por pessoas que ficaram satisfeitas com a própria cirurgia.
É fundamental que o cirurgião plástico trabalhe com um equipe composta por um anestesista e por um cirurgião-assistente.
As cânulas usadas devem ser as mais inócuas para o organismo. As mais modernas –feitas de materiais derivados do náilon– são mais finas e flexíveis.
Um rigoroso exame deve ser realizado antes da operação para afastar problemas prévios. Quem tem uma hérnia, por exemplo, não pode fazer uma lipoaspiração.
Na hérnia, uma fragilidade na parede muscular permite a passagem da alça intestinal para um nível mais superficial. Nesse caso, a cânula poderia perfurar o intestino.
Órgãos como coração, pulmões, fígado e rins –que são sobrecarregados durante e após a cirurgia– devem estar com seu funcionamento perfeito. Exames de sangue revelam como está esse perfil.
Para Ramos, apesar de incomuns, os riscos existem e devem ser comunicados ao paciente.
No momento da cirurgia, pode haver perfuração de um grande vaso (causando hematomas e sangramentos), lesão de um nervo ou ``invasão" de um órgão vizinho.
Na barriga, a bexiga e o intestino estão próximos à região liposaspirada. No pescoço, alguns pontos de atenção são a artéria carótida e a veia jugular.
Existe também o risco anestésico, como em qualquer cirurgia. Por isso, é importante a presença do anestesista o tempo todo na sala cirúrgica.
O paciente só pode voltar para casa quando todos os sinais vitais estiverem estabilizados e todos os reflexos presentes e normais.

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