São Paulo, terça-feira, 18 de outubro de 1994
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Fidel Castro discute real com brasileiros

Cubano encontra artistas em Havana

FERNANDO MOLICA
ENVIADO ESPECIAL A HAVANA

Erramos: 19/10/94
A foto de Fidel Castro é uma reprodução de um vídeo de autoria de Bayard Tonelli. Castro aparece cheirando uma cédual de real, e não beijando-a conforme saiu em alguns exemplares.
Fidel Castro discute real com brasileiros
O Plano Real foi o principal tema de encontro entre o presidente cubano, Fidel Castro, e artistas brasileiros, encerrado na madrugada de domingo em Havana.
Entre os artistas, estavam o ator Ednei Giovenazzi e os cantores Nei Matogrosso e Beth Carvalho.
Fidel quis saber sobre o ``milagre" de a moeda ter-se valorizado em relação ao dólar e, após um comentário de Beth, deixou escapar uma frase em que relacionava a criação do real com as eleições brasileiras.
Apesar de ter dito que não poderia comentar problemas brasileiros, Fidel afirmou que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, era um amigo, mas que o vencedor, Fernando Henrique Cardoso, não era um inimigo. Ele elogiou a posição do governo Itamar Franco em relação a Cuba.
Ao receber a cédula de real, Fidel brincou, cheirou a nota e comentou que ela não tinha ``muito perfume". Após ter dito que a cédula ``não valia nada", a pedetista Beth Carvalho autografou a nota e a entregou ao presidente cubano.
Ao retribuir o autógrafo, em um pedaço de papel, Fidel escreveu para Beth que a cédula que ele recebera teria ``valor crescente" pelo fato de ter sido assinada por ela.
Fidel ressalvou esperar que o real ``dure muito tempo". Ele disse que todas as moedas tendem a perder valor.
Apesar das desconfianças, Fidel afirmou que gostaria de pegar um empréstimo na moeda brasileira, convertê-lo para dólar e, assim, abater sua dívida com a Rússia.
Ele demonstrou curiosidade ao ver a figura feminina que decora as cédulas de real. Para Fidel, o real é racista, pois apresenta uma mulher que, diz, tem perfil grego e não representa as brasileiras.
Repórteres dos principais jornais brasileiros não tiveram acesso ao encontro, realizado no palácio de governo. Os jornalistas estavam em Varadero (a 140 km de Havana) e só foram informados do encontro depois de sua realização.

O jornalista FERNANDO MOLICA viajou a convite da Cubatur

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